A continuidade da alta dos preços dos alimentos e o repasse do aumento de custos do atacado para o consumidor deve levar a inflação a chegar a 6, help 4% ao final do ano, próxima do limite de 6,5% fixado pelo governo. A projeção é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulgou hoje (9) o Informe Conjuntural, com os indicadores da economia baseados em estudos do segundo trimestre do ano .
A meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 4,5%, com margem de dois pontos para mais ou para menos. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), escolhido para acompanhar as metas de inflação, chegou a 5,6% no acumulado de 12 meses fechados em maio deste ano.
A CNI também considera que a persistência da aceleração da inflação no atacado, medida pelos Índices Gerais de Preços (IGPs), pode criar inércia inflacionária (realimentação inflacionária) via repasse de preços no grupo serviços. Isso porque o grupo de serviços segue reajuste de preços de acordo com os IGPs, como no caso de aluguel de imóveis.
“Portanto, as pessoas irão realocar parte cada vez maior de sua renda para o consumo de alimentos e de serviços, reduzindo a parcela restante da renda para o consumo dos demais bens, inclusive industriais”, diz a CNI. Devido às expectativas de inflação, a CNI espera que o atual ritmo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, seja mantido, de modo a chegar ao final do ano em 14,25%. A projeção anterior era de 11,25%.
Em cada uma das duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) realizadas neste ano, a Selic foi reajustada em meio ponto percentual e está em 12,25%.
Para a CNI, há maior consonância entre as políticas fiscal e monetária com o anúncio de elevação da meta de superávit primário de 3,8% para 4,3% do PIB. “O compromisso fiscal assumido pelo Executivo é uma ajuda importante na contenção do crescimento da demanda interna e divide com o Banco Central o ônus do combate à inflação, o que deverá limitar a
intensidade de elevação dos juros”.
Com o aumento dos juros básicos, a CNI avalia que haverá redução no ritmo de expansão do crédito no segundo semestre deste ano. Isso porque o aumento da Selic aumenta o custo de carregamento dos empréstimos. “Paralelamente, o orçamento mais apertado das famílias – em virtude de uma parcela maior da renda ser destinada ao consumo de alimentos – deverá dificultar o pagamento de dívidas contraídas no passado. Isto poderá aumentar os índices de inadimplência”.
A CNI também revisou a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, para 4,7% em 2008, ante os 5% do Informe anterior. “Esse recuo na previsão de crescimento acompanha as perspectivas de continuidade do aperto monetário ao longo do ano”.
Segundo o informe, os impactos da elevação dos juros sobre a atividade econômica devem ser mais pronunciados no quarto trimestre. “Nesse cenário, o PIB fecha 2008 com um ritmo de crescimento próximo 3,5% (comparação entre os quartos trimestres de 2008 e de 2007)”.
Com relação ao superávit primário (a economia que o país faz para honrar compromissos financeiros), a projeção aumentou de 3,6% para 4,3% do PIB, com a dívida pública líquida caindo de 41% para e 40,6% do PIB. O dólar fecharia o ano em R$ 1,67.
A balança comercial chegaria ao fim do ano com US$ 20 bilhões de superávit, US$ 5 bilhões a menos do que a projeção anterior, com déficit em conta corrente de US$ 20 bilhões, contra US$ 15 bilhões em março.
O consumo das famílias cairia de 7,5% para 5,5% e os investimentos (formação bruta de capital fixo) cairia de 14% para 10,5%, com a taxa de desemprego caindo de 8,4% para 8%.