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Economia

A convivência do otimismo com as incertezas em 2022

Incertezas em torno do comportamento da inflação e sobre qual será o caminho para a normalização da política monetária chamam atenção

Redação Jornal de Brasília

25/12/2021 8h02

Foto: Divulgação

Com o fim do ano chegando começa a temporada de retrospectivas e previsões. Para muitos analistas, 2022 será um ano de recuperação econômica global, do controle da pandemia e do retorno às condições pré-pandêmicas.

Entretanto, sem querer ser pessimista, o ano de 2022 vai começar com diversos riscos que precisam ser monitorados.

Chamaríamos a atenção para o aumento das tensões geopolíticas na Europa e na Ásia (em particular em relação à Ucrânia e ao Irã), que pode provocar uma crise de energia, com os preços do petróleo e do gás atingindo valores superiores aos de 2021. Incertezas em torno do comportamento da inflação e sobre qual será o caminho para a normalização da política monetária.

Diferentes eventos econômicos também são motivo de preocupação. O índice S&P 500 está perto do território de bolha, e o aumento dos preços dos imóveis e a discrepância dos preços dos aluguéis sugerem que os riscos do mercado imobiliário são maiores do que em qualquer momento, desde a crise do subprime em 2007. As taxas de juros mais altas nos Estados Unidos normalmente impulsionam o dólar, provocando saídas de capital nas economias em desenvolvimento. Segundo estimativas dos bancos, a retração dos gastos públicos em 2022 ficará em torno de 2,5% do PIB global, cerca de cinco vezes maior do que as medidas de austeridade que desaceleraram as recuperações após a crise de 2008.

A agenda política também merece a atenção de todos. Teremos diversas eleições na Europa. Uma briga pela presidência italiana, em janeiro, pode derrubar a coalizão de Roma. A França vai às urnas em abril, com o presidente Macron enfrentando o crescimento da direita. No Brasil, teremos eleições presidenciais muito polarizadas em outubro. Por fim, em novembro, será a vez das eleições nos Estados Unidos.

O consumo de energia deve crescer. A estimativa é de que a demanda global de petróleo suba para 99,8 milhões de barris por dia (b/d), em 2022, 280 mil b/d acima de 2019. Entretanto, apesar do forte crescimento do consumo, a oferta de petróleo no mercado americano provavelmente só retornará aos volumes pré-covid em julho de 2023. Isso fortalece os países exportadores de óleo e de gás, em particular, o cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia. Com isso, a previsão é de que o preço médio do Brent em 2022 seja em torno de US$ 88/barril, impulsionado, também, por estoques baixos.

Em resumo, teremos um 2022 com preços altos de energia, no meio de toda a discussão sobre a transição energética. Esse cenário trará inflação e vai dificultar a retomada do crescimento da economia. Em termos de geopolítica mundial, a novidade será a volta do poder dos países da Opep e da Rússia e, consequentemente, dos seus governos autocráticos.

Estadão Conteúdo

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