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Brasil

Tabu e constrangimento impedem pedidos por absorventes em abrigos no RS

Kist calcula que, com quase 70 mil acolhidos temporariamente em abrigos, a quantidade de pessoas que precisam dos itens de higiene já chega a 17 mil

Redação Jornal de Brasília

11/05/2024 12h06

Foto: Agência Brasil

Isabella Menon
São Paulo, SP (Folhapress)

Em meio às enchentes no Rio Grande do Sul, campanhas de doações arrecadam dinheiro, comida, roupas e itens de higiene, mas ainda é mais comum ouvir pedidos por fraldas infantis e geriátricas do que por absorventes, relata a Raíssa Kist, fundadora da empresa Herself, negócio de impacto que leva dignidade menstrual para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade.

“Muitas vezes pedem o ‘item feminino’, não conseguem nomear. E muitas pessoas não conseguem entender o pedido, até porque pode ser inúmeras coisas, remédio, outros itens de higiene. A nossa campanha é para nomear e trazer essa atenção”, diz ela.

A empresa está captando doações de absorventes para entregar em abrigos desde o início da tragédia no Sul. A campanha já alcançou alojamentos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, Sinimbu, Alvorada e Viamão, além da capital Porto Alegre.

Kist calcula que, com quase 70 mil acolhidos temporariamente em abrigos, a quantidade de pessoas que precisam dos itens de higiene já chega a 17 mil. “O número de pessoas só aumenta e, com isso, aumenta a demanda.”

Ela afirma que, em meio a momentos de crise, a entrega de absorventes representa uma corrida contra o tempo. A falta de água potável em decorrência das enchentes também aumenta a urgência, e Kist diz que não basta conseguir absorventes -calcinhas também são itens de primeira necessidade.

Pensar em soluções reutilizáveis como calcinhas absorventes, por outro lado, não é o ideal em um contexto em que o acesso à água é um desafio. “Temos que ter atenção a isso”, afirma.

A campanha que Raíssa Kist lidera também angaria toalhas, cobertores e medicamentos. “A gente quer chamar atenção para uma reflexão, de entender que a menstruação não para em um momento de catástrofe. As pessoas seguem menstruando. Meninas podem estar tendo a primeira menstruação neste momento e nós podemos garantir o acesso a esses kits”, diz.

Como ajudar

Itens podem ser doados nas lojas da Herself -como a da galeria Metrópole (loja 21), na República, no centro de São Paulo; contribuições devem ser feitas pela plataforma da Doare, no link

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