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Brasil

Sem padrão nacional, estados adotam regras próprias para volta às aulas

O MEC foi ausente no apoio a estados e municípios durante a pandemia para manter aulas remotas ou para o retorno às atividades presenciais

Redação Jornal de Brasília

04/08/2021 14h37

Foto: Reuters

Júlia Barbon, Leonardo Augusto, Katna Baran e Franco Adailton
FolhaPress

Com a redução no total de novos casos de Covid-19 e nos índices de ocupação de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), prefeituras de capitais e governos estaduais se dividem entre a retomada integral das aulas, o retorno híbrido e a manutenção das atividades apenas remotamente.

Sem uma padronização das medidas tomadas pelos governos em relação ao novo coronavírus, cada local tem adotado critérios próprios para a forma de reinício ou não das aulas presenciais.

O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, chegou a fazer um pronunciamento em rede nacional em julho para pressionar pelo retorno às aulas presenciais, mas o MEC (Ministério da Educação) foi ausente no apoio a estados e municípios durante a pandemia para manter aulas remotas ou para o retorno às atividades presenciais.

No Rio de Janeiro, as aulas presenciais voltaram tanto na rede pública quanto na privada, como já vinha ocorrendo desde o primeiro semestre. O clima foi de alívio para os pais e estudantes nas unidades, que tiveram que se adaptar às regras de distanciamento.

As gestões estadual e municipal ainda não têm um balanço da adesão dos alunos, que podem decidir se querem retornar ou ficar apenas no ensino remoto. Mas 82% dos pais disseram que pretendiam enviar seus filhos ao colégio em uma pesquisa feita pela prefeitura ?em julho.

“Eles já perderam aula no ano passado todo, se perderem mais este vão ficar muito atrasados”, disse Rodrigo Santana, 44, ansioso para que o filho de 10 anos troque as poucas atividades nas telas pela sua escola municipal em Laranjeiras (zona sul carioca), que deve reabrir até o fim da semana.

No estado, os colégios foram autorizados a voltar em 69 dos 92 municípios que estão classificados com as bandeiras de risco laranja, amarela ou verde nesta semana, com 40% a 100% da capacidade. Os demais, com bandeiras vermelha e roxa?, só podem ter atividades administrativas, como entrega de material e kit alimentação.

Na cidade do Rio, apenas uma das 1.543 unidades não abriu ainda, por problemas estruturais no edifício. As salas precisam ter distanciamento de um metro entre as carteiras, por isso é necessário rodízio nos espaços menores, mas a maioria das turmas deve voltar com 100% da capacidade.

Já no Ceará, que costuma ter bom desempenho em rankings de educação, as 731 escolas estaduais iniciaram o segundo semestre letivo ainda de forma remota. Nesta primeira semana estão sendo feitas conversas com alunos e famílias para que, a partir da próxima segunda (9), as unidades possam optar ou não pelo formato híbrido.

A rede municipal de Fortaleza também começou o período sem aulas presenciais, na última quinta (29), mas deve demorar mais para retornar. A expectativa é que isso aconteça apenas a partir de 8 de setembro e de forma escalonada, primeiro com algumas turmas dos ensinos infantil e fundamental.

As aulas na rede pública estadual de Minas Gerais foram retomadas nesta terça-feira (3) no formato híbrido, ou seja, com aulas virtuais, para quem preferir ficar em casa, e presenciais.

No sistema de volta gradual implantado no estado por causa das restrições impostas pela pandemia, parte das turmas de 750 escolas de ensino fundamental e médio de 226 municípios já havia retomado as aulas nesse formato antes do recesso.

Nesta terça, o total de escolas com o sistema híbrido subiu para 1.384, com ampliação de turmas da oitava série do ensino fundamental e segundo ano do ensino médio. O total de estabelecimentos de ensino na rede estadual de Minas é de 3.518. A decisão pelo retorno é tomada pelo governo, dentro do programa Minas Consciente, mas é necessário aval das prefeituras. O estado tem 853 municípios.

Em Belo Horizonte, o recesso acabou nesta segunda-feira (2) para parte dos alunos. Retornaram às aulas, também sob formato híbrido, estudantes do primeiro ao quinto anos do ensino fundamental e também a educação infantil, de 0 a 5 anos.

As aulas presenciais na maior parte das escolas estaduais do Paraná foram retomadas no dia 21 de julho. e cerca de 90% dos 2,1 mil colégios já foram reabertos total ou parcialmente.

A medida atingiu cerca de 920 mil dos aproximadamente 1 milhão de estudantes atendidos pela rede estadual. Segundo a Secretaria de Educação, regras municipais de combate à pandemia ainda impedem o ensino presencial no restante das escolas. A adesão ao modelo não é obrigatória e requer autorização dos responsáveis pelo aluno.

Até então, de acordo com a pasta, quase metade dos estudantes adotou o formato presencial. Em todo o estado, as escolas particulares foram autorizadas a funcionar ainda em março, mas cada município pode instituir suas regras. A capital seguiu a orientação estadual e só mandou fechar os estabelecimentos na chamada bandeira vermelha, de restrições rígidas sobre a pandemia.

Todas as 415 escolas municipais de Curitiba também retornaram ao ensino híbrido na segunda. Em outros estados, as aulas já tinham sido retomadas em meses anteriores. É o caso do Rio Grande do Sul, onde as aulas em formato híbrido começaram ainda em maio.

O retorno do recesso ocorre nesta quarta-feira (4) seguindo o mesmo sistema, segundo a Secretaria de Educação. Nas escolas particulares, os alunos puderam retornar para a sala de aula entre o final de abril e início de maio. Em junho, diante de um cenário crítico da pandemia, entidades do setor celebraram um acordo judicial para seguir com o formato.

Em meio a embates com o sindicato dos professores, inclusive com comunicado de corte salarial, a Prefeitura de Salvador determinou o retorno às aulas semipresenciais em 3 de maio. Após acordo do município com a categoria nesta terça, a retomada integral das atividades está prevista para o próximo dia 23.

Na rede municipal, o retorno das atividades atingiu 431 unidades escolares em Salvador, mas apenas 4% dos 152 mil estudantes passaram a frequentar as aulas, de acordo com a Secretaria de Educação.

Já o governo da Bahia autorizou o ensino híbrido para estudantes do ensino médio no último 26 de julho. Por sua vez, o início das aulas semipresenciais para o ensino fundamental está programado para ocorrer na próxima segunda-feira (9).

Em Pernambuco, estudantes do ensino médio na rede estadual têm frequentado aulas semipresenciais desde outubro do ano passado, enquanto os demais ficaram no ensino remoto. Em março, no entanto, as aulas foram suspensas devido ao aumento dos casos de Covid-19 no estado.

As escolas municipais também foram autorizadas a retornar as atividades presenciais desde abril, mas o retorno seria definido pelas prefeituras.

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