O presidente do Senado, ambulance Renan Calheiros (PMDB-AL), story acusou o Grupo Abril, responsável pela publicação da revista Veja, de negociar uma operação “ilegal” e “imoral” para vender a operadora de televisão TVA, de sua propriedade, para a empresa espanhola Telefonica. O parlamentar subiu ao plenário para se defender das acusações formuladas pela revista e contra-atacou com as acusações. Renan justifica que uma transação desse porte é considerada proibida pela legislação brasileira.
Segundo ele, foram encaminhados ofícios solicitando investigações à Polícia Federal, ao Conselho Administrativo de Defesa do Direito Econômico (Cade), Ministério das Comunicações, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ao governo e ao parlamento espanhol, autoridades da nação da sede da Telefonica. A operação de venda da TVA pelo Grupo Abril envolveria valores de cerca de R$ 922 milhões.
Renan Calheiros afirmou que a operação em andamento pretende repassar, do Grupo Abril para a Telefonica, 100% da operadora da TVA em São Paulo com transmissão por microondas (MMDES), 86,7% da operadora comercial cabo em São Paulo, e 91,5% da TVA Sul, que transmite para Curitiba (PR), Foz do Iguaçu (PR), Florianópolis (SC) e Camboriu (SC). “A transferência destes percentuais para grupos estrangeiros é ilegal, imoral e o método subrrepitício é absolutamente reprovável”, critica o senador.
Na última edição, a revista Veja publicou uma reportagem com uma nova acusação ao senador – a de que ele teria utilizado o nome de outras pessoas (“laranjas”) na compra da emissora de rádio JR, que funciona em Murici, em Alagoas. A capa da edição traz uma montagem em que ele aparece sentado em uma laranja. “Para ludibriar a lei, a editora [Abril] recorre a métodos pouco ortodoxos de formação de um verdeiro pomar, verdadeiro laranjal, tamanha a quantidade de laranjas criadas se a proposta for adiante”, afirmou, mas sem citar quem eles seriam exatamente.
Renan Calheiros também anunciou que requereu formalmente todos os votos do conselheiros da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que trataram desse assunto. A agência reguladora é responsável por aprovar a negociação. “Se houve algum desembolso, que se encontre uma solução para desfazer. Espero que as autoridades brasileiras atuem de maneira enérgica, ponham um termo na operação e punam exemplarmente os envolvidos nela”, pediu.
Procurado pela reportagem, o Grupo Abril informou que, por enquanto, não vai se posicionar oficialmente sobre a acusação de hoje, mas a assessoria de comunicação reiterou a resposta dada no início da semana. “[Revista] Veja investiga, apura e denuncia tudo o que prejudica o Brasil e os brasileiros e pretende continuar fazendo isso”, registra a nota anterior.