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Brasil

Professora sofre ofensas racistas em escola de São Paulo

O aluno responsável pelo ataque racista ainda não foi identificado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância

Camila Bairros

10/11/2022 8h25

Foto: Reprodução

Ana Paula Pereira Gomes, conhecida como Ana Koteban, tem 41 anos e dá aulas na Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Professor Linneu Prestes, em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo, desde 2017, mas os últimos dias têm sido de terror. Em 24 de outubro, no lugar em que deveria estar escrito o seu nome na lista de presença, estava a palavra “macaca”.

Dias depois, em 1º de novembro, alunos tiraram fotos de uma carteira estudantil que estava com desenhos de suástica e das letras “SS”, abreiação de Schutzstaffel, o “esquadrão de proteção” de Adolf Hitler e do Partido Nazista na Alemanha dos anos de 1930.

A educadora procurou a Polícia Civil com a cópia da lista com a palavra “macaca”, e pediu que o crime fosse investigado. Ambos os casos ocorreram dentro da escola, onde estudam adolescentes de, em média, 15 a 17 anos.

Ao g1, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo informou que “repudia qualquer ato de discriminação e racismo. Tão logo ficou sabendo do episódio, a Diretoria Regional de Ensino instaurou apuração interna, já em andamento, e está à disposição para colaborar com qualquer investigação oficial em curso.”

O responsável pelo ataque racista ainda não foi identificado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. A pena para quem é condenado por esse crime é de 1 a 3 anos de prisão.

Ana Koteban disse que, até esse episódio, ela nunca tinha sofrido racismo na escola, apesar de já ter recebido reclamações de pais de alunos e notado descontentamento de alguns estudantes com assuntos abordados nas aulas. “Sou professora, mulher negra, que dá aula de sociologia e trabalha temáticas não só ligadas ao racismo e à diversidade como todo, mas a direitos humanos também”, disse ela.

Sobre o ato racista na lista de chamada, Ana sentiu que a direção da escola foi omissa e apenas respondeu que não havia como identificar quem fez. Como forma de protesto após dias sem uma solução, a professora parou de dar aulas e decidiu usar o tempo de seu trabalho para conscientizar outros educadores e alunos sobre a gravidade do que ocorreu.

Apenas ontem (9), Ana voltou a dar aula, depois que o Coinselho da Escola fez um compromisso formal de reconhecer, por escrito, que se trata de racismo institucional, e não de um episódio pontual.

Símbolos nazistas

Na semana passada, enquanto rolava um ato para orientar alunos e cobrar da direção que o racismo fosse debatido para deixar de existir dentro do meio acadêmico, o grêmio estudantil encontrou uma carteira com desenhos da suástica e das letras SS. Ana, mais uma vez, pediu um esclarecimento à escola.

“Precisávamos de um plano de enfrentamento contra o racismo e o nazismo que têm de ser institucional. Isso pode sugerir que temos estudantes vinculados a grupos neonazistas ou que estejam sob influência dessa ideologia, seja por internet ou família”, disse a educadora.

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