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Brasil

Prefeitura de SP diz que Hospital das Clínicas está tendo privilégio na vacinação

A instituição, referência no tratamento à Covid-19, montou 30 estações em seu centro de convenções e anunciou que vai imunizar 30 mil profissionais

Redação Jornal de Brasília

21/01/2021 14h51

Vacina CoronaVac no Hospital de Base. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Vacina CoronaVac no Hospital de Base. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Mônica Bergamo
São Paulo, SP

O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, diz que médicos de hospitais públicos e privados da cidade estão revoltados com a falta de vacina e com informações de que até mesmo profissionais que não são da linha de frente no atendimento à Covid-19 estão sendo vacinados no Hospital das Clínicas de São Paulo, que estaria sendo privilegiado no calendário de imunizações.

“Chegaram informações de que médicos do HC que estão há oito meses em home office, que não estão no atendimento direto a pacientes com Covid-19, foram chamados para se vacinar. Em outros hospitais, profissionais que enfrentaram a pandemia desde o começo, trabalhando em UTIs, podem ficar sem o imunizante”, afirma ele.

“Há declarações de que até funcionários do setor administrativo receberam vacina”, segue o secretário. “Não somos contra o HC, somos a favor de ter critérios que priorizem os da linha de frente”, diz ele.

O governo de São Paulo enviou lotes da Coronavac à Prefeitura de São Paulo nesta semana, para que ela distribuísse para todos os hospitais da cidade -tanto os públicos estaduais e municipais quanto os privados.

O Hospital das Clínicas de SP, no entanto, apresentou seu plano de vacinação diretamente para o governo estadual e recebeu as doses da Secretaria da Saúde do Estado. A instituição, referência no tratamento à Covid-19, montou 30 estações em seu centro de convenções e anunciou que vai imunizar 30 mil profissionais.

A reportagem conversou com médicos de outras instituições e do próprio HC que manifestaram apreensão em relação às informações.

Um deles enviou uma mensagem afirmando saber que “colegas de lá (do HC) que não veem pacientes receberam [a Coronavac]. Faltou um pouco de cuidado na distribuição, para que realmente fosse equitativa, maximizando o benefício para quem está sob maior risco nos demais hospitais”.

Há relatos de casos semelhantes em cidades do interior.

Aparecido afirma que o município de São Paulo tem 500 mil profissionais de saúde, e que 35% deles trabalham na linha de frente do atendimento à Covid-19.

A Prefeitura de São Paulo, no entanto, só recebeu 203 mil doses da Coronavac.

“O critério foi injusto”, diz Edson Aparecido, que ficou responsável por distribuir as vacinas para todos os outros hospitais da cidade, com exceção do HC, que recebeu as vacinas direto do governo de São Paulo.

“A vacina pode dar segurança e estabilidade aos profissionais que há quase um ano lutam na linha de frente. E isso não está ainda acontecendo”, afirma Aparecido.

Ele dá o exemplo do Hospital de Pirituba. “Ele inteiro atende Covid-19. Enviamos 638 doses para lá. A direção teve que ir em cada um de seus setores explicar que não haverá vacinas para todos”, diz o secretário.

A Secretaria de Saúde de SP diz que a campanha de vacinação contra a Covid-19 tem como referência a imunização contra a gripe do ano passado. Afirma que o Hospital das Clínicas é o maior complexo hospitalar da América Latina e que optou por vacinar profissionais de seus oito institutos que lidam com pacientes de Covid-19.

Diz ainda que “novas remessas serão destinadas à Prefeitura da capital à medida que o Ministério da Saúde viabilizar mais doses, o que permitirá também a expansão de públicos-alvo e a imunização da totalidade dos profissionais de saúde”.

Leia a íntegra da nota:

“A campanha de vacinação contra COVID-19 tem como referência o número de pessoas imunizadas contra a gripe em 2020 indicado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Assim, o Ministério da Saúde utiliza este critério para envio aos Estados, e o mesmo ocorre em SP para redistribuição às Prefeituras.

O Estado de São Paulo aplicou 1,5 milhão de doses da vacina de Influenza no ano passado, sendo 561,5 mil apenas na capital. No entanto, para a campanha de COVID-19, até o momento o MS disponibilizou a SP apenas 1,3 milhão de doses -a serem aplicadas em duas etapas, podendo assim imunizar pouco mais de 650 mil pessoas. Consequentemente, o mesmo critério precisou ser adotado de forma equânime para todas as 645 cidades de SP.

No momento, a recomendação é que sejam vacinados os profissionais da linha de frente de Covid. Novas remessas serão destinadas à Prefeitura da Capital à medida que o Ministério da Saúde viabilizar mais doses, o que permitirá também a expansão de públicos-alvo e a imunização da totalidade dos profissionais de saúde. É importante ressaltar que a falta de agilidade na disponibilização de vacinas contra COVID-19 por parte do Ministério da Saúde obriga os Estados a programarem remessas fracionadas até que venham novos lotes. Até o momento, o governo federal sequer indica perspectiva de disponibilização de mais vacinas, como a da Oxford/AstraZeneca, por exemplo.

Com relação a vacinação no Hospital das Clínicas da FMUSP, é importante destacar que a unidade sequer aderiu ao sistema home office durante a pandemia. O HC é o maior complexo hospitalar da América Latina e referência em atendimento Covid durante a pandemia em São Paulo, contando com oito institutos que atendem casos de alta complexidade em diversas especialidades, incluindo urgência e emergência no seu PS. Na campanha de vacinação que acontece esta semana no Hospital, estão inclusos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas de todos esses institutos que têm contato com pacientes COVID. O esquema vacinal do complexo inclui a imunização dos profissionais de outras grandes unidades como Instituto do Coração (Incor), Instituto do Câncer e Instituto da Criança, por exemplo.

Com planejamento há mais de três meses da sua logística e necessidades para executar a campanha, o Governo do Estado de São Paulo agiu rapidamente, e em menos de 72 horas distribuiu mais de 477 mil doses para 123 cidades e 14 Grupos de Vigilância Epidemiológica regionais. Este quantitativo inclui as 203 mil doses entregues ontem (19) ao município de São Paulo, para que este possa iniciar as estratégias de vacinação.?”

As informações são da Folhapress

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