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Brasil

Operação na Vila Cruzeiro abastece embate eleitoral entre Castro e Freixo no RJ

Ao menos 25 pessoas morreram na operação. As circunstâncias básicas das mortes ainda não foram esclarecidas

FolhaPress

25/05/2022 19h22

Foto: Mauro Pimentel/ AFP

A segunda operação mais letal da história do Rio de Janeiro, ocorrida nesta terça-feira (24) na favela Vila Cruzeiro, gerou embates virtuais entre os principais pré-candidatos ao governo estadual.

O governador Cláudio Castro (PL), que tentará a reeleição, defendeu a atuação da polícia e chamou a comunidade de “hotel de luxo para chefes de fações criminosas de outros estados do Brasil”.

Seus potenciais adversários criticaram a política de segurança pública. O deputado federal Marcelo Freixo (PSB) criticou o que chamou de “uso político da polícia”

Ao menos 25 pessoas morreram na operação. As circunstâncias básicas das mortes ainda não foram esclarecidas.
Oficialmente, a Polícia Militar reconheceu apenas ser a responsável pelo homicídio de dez pessoas que, segundo a corporação, trocaram tiros com seus agentes. O registro da morte de oito vítimas não aponta a policiais como autores dos disparos. A Folha não teve acesso aos demais boletins de ocorrências das mortes na favela.

Castro deverá ter o apoio do presidente Jair Bolsonaro, que elogiou a atuação da polícia fluminense. O governador busca se aproximar do eleitorado bolsonarista, da qual uma parcela o vê com desconfiança.

Em textos publicados em suas redes sociais na terça e nesta quarta-feira (24), o governador defendeu a atuação da polícia.

“Quem aponta uma arma contra a polícia está apontando uma arma contra toda sociedade. Isso jamais vamos tolerar. Eu luto por um Rio de paz. Toda morte é lamentável, mas todos sabemos que nossas responsabilidades impõem que estejamos preparados para o confronto. Essa gente ruim quer matar o futuro do povo fluminense. Fora do império da lei e da ordem estão a barbárie e o banditismo. Não vamos permitir a anarquia no nosso estado”, escreveu o governador na terça.

Nesta quarta, o governador citou o caso de um helicóptero alvejado na semana passada ao sobrevoar a região.

“Ali bate o coração da maior facção criminosa do estado. A mesma que espalha o terror e o medo na sociedade. Ali virou hotel de luxo pra chefes de fações criminosas de outros estados do Brasil. […] Política de segurança no Rio de Janeiro, infelizmente, exige do poder público demonstração de força e autoridade. Confronto, numa palavra. Coragem, noutra.”

Freixo, pré-candidato ao cargo, criticou a política de segurança comandada por Castro.

“Matança não é segurança. Operações como as de hoje não resolvem nada e colocam em risco a vida de moradores. O combate ao crime tem que ser feito com eficiência. As maiores apreensões de fuzil da história do RJ foram realizadas no Galeão e na casa de um homem ligado a Roni Lessa, assassino de Marielle, sem que um tiro tenha sido disparado. É hora de acabar com o uso político da polícia. É hora de tratar a Segurança Pública como coisa séria, não como arma eleitoral.”

Desde que anunciou sua pré-candidatura, Freixo reduziu a frequência com que critica ações policiais.

O deputado vem buscando desvincular sua imagem de radical de esquerda, construída em razão da filiação por 16 anos ao PSOL. Um dos focos do deputado é atrair setores da polícia, em parte ainda resistente ao seu nome.

Recentemente, ele celebrou a adesão do ex-comandante da PM e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Alberto Pinheiro Neto a uma lista de apoiadores públicos de sua pré-campanha.

Após a publicação de seu texto, o deputado afirmou que passou a ser alvo de tuítes falsos atribuídos a ele, no qual ele chamava os policiais de criminosos e defendia a extinção do Bope.

Castro e Freixo lideram em empate técnico as pesquisas principais pesquisas de intenção de voto no estado.
O ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) também comentou a operação em suas redes sociais. Ele classificou a operação como “espetaculosa e sem estratégia”.

O ex-presidente da OAB, Felipe Santa Cruz (PSD), também criticou a política de segurança estadual.

“Esse número de mortos é por si só um fracasso. Corpos amontoados em caçambas são a imagem da falta de planejamento e capacidade da política de segurança do governo Witzel/Castro”, escreveu Santa Cruz em tuíte.

A violência é um dos maiores problemas do estado apontados por eleitores, segundo pesquisa do Datafolha divulgada em abril. De acordo com o instituto, 27% dos entrevistados apontaram o tema como o principal, em empate técnico com saúde (26%).

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