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Brasil

Neoenergia sairá da B3, ao passo que outras 16 empresas já deixaram Bolsa neste ano

A oferta de aquisição, mecanismo através do qual as empresas recompram suas ações em circulação com o objetivo de fechar o capital

Redação Jornal de Brasília

24/11/2025 23h39

MAELI PRADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A elétrica Iberdrola anunciou nesta segunda-feira (24) uma OPA (oferta pública de aquisição) para adquirir a totalidade do capital da Neoenergia, em mais um movimento que acarretará uma saída da B3, que já perdeu 16 companhias listadas no acumulado do ano até outubro.


A oferta de aquisição, mecanismo através do qual as empresas recompram suas ações em circulação com o objetivo de fechar o capital, prevê que a controladora compre os 16,2% remanescentes ao preço de R$ 32,50 por ação.


Com a saída, a elétrica segue o caminho de uma série de outras companhias que deixaram a Bolsa brasileira em 2025. Em outubro, a B3 possuía 368 empresas listadas, ante 384 em dezembro do ano passado.


Esse é o menor número desde maio de 2023, quando começou a série histórica da B3.


Uma série de pesos pesados saíram da B3 neste ano, como a varejista Carrefour, que deixou a bolsa por decisão da sua controladora francesa. Outras companhias, como a Marfrig e a BRF, uniram operações, resultando em apenas uma companhia listada.


Desde o mês passado, as ações da Santos Brasil também deixaram de ser negociadas na Bolsa, após a conclusão de sua compra pela francesa CMA Terminals.


“Em geral, as saídas são uma sinalização de que o preço está barato e que o acionista prefere ter uma empresa sem sócios, com mais agilidade de decisão. Até porque há um custo de alguns milhões para se ter a empresa aberta na Bolsa”, afirma Tiago Cunha, sócio da Grou Capital.


Para Jean Marcel Arakawa, sócio da área de mercado de capitais do escritório Mattos Filho, o movimento de saída da Bolsa vem se destacando pelo fato de não haver abertura de capital na B3 desde setembro de 2021.


“Sempre houve OPAs. O que torna esse movimento mais visível atualmente é que estamos há anos sem IPOs. Estamos com a porta de saída aberta, enquanto a porta de entrada está fechada”, compara.


Ele lembra que os juros altos fazem com que os preços das ações fiquem mais baratos, já esse é um cenário em que a renda fixa atrai mais investidores.


De acordo com Arakawa, a forte expansão do mercado de capital privado no Brasil nos últimos anos também está relacionada a esse movimento. “Se a ideia é só captar recursos, as empresas fazem emissão de dívidas, que é mais simples, menos custoso, sem falar que as taxas de juros altas trazem interesse para quem compra”, diz. “É um pouco reflexo do desenvolvimento do nosso mercado de capitais.”


Apenas através de OPAs, dez empresas já saíram da Bolsa em 2025, segundo dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Há outros instrumentos, como operações de reestruturação societária, que não precisam de autorização da CVM.

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