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Brasil

Mulheres pretas recém-formadas recebem 50% menos que homens brancos, em média

Índice ABMES/Symplicity de Empregabilidade 2023 identifica discriminação por raça, gênero e idade nas oportunidades e na remuneração

Redação Jornal de Brasília

30/08/2023 10h14

Foto: Divulgação

Apesar da formação superior ser um diferencial no mercado de trabalho, a discriminação com relação a cor e gênero permanece discrepante no Brasil. É o que comprova o Índice ABMES/ Symplicity de Empregabilidade 2023 (IASE), que foi divulgado nesta terça-feira (29). Mulheres pretas recebem, em média, 50% menos, logo após a graduação que homens brancos.

O IASE 2023 explorou dados de gênero, faixa etária e raça pela primeira vez. Em um panorama geral, homens têm maior empregabilidade (82,2%) em comparação às mulheres (74,1%). A renda também tem sido superior para o sexo masculino. Segundo o levantamento, os homens (R$ 5.120) recebem, em média, 40% a mais que as mulheres (R$ 3.658).

De acordo com o levantamento, algumas áreas de atuação que tradicionalmente têm maior número de profissionais femininas têm a maior distância salarial entre mulheres e homens. Na Educação, por exemplo, o salário médio para recém-formadas é de R$ 2.592, enquanto os homens recebem R$ 4.726, 82,3% a mais. Na saúde o cenário não é diferente: mulheres em início de carreira tem remuneração média de R$ 4.357 e homens, R$ 5.569, 27,8% a mais. Tecnologia da Informação, Hospitalidade e Negócios pagam cerca de 50% acima do salário feminino e em Direito, a acréscimo é de 38%, mesmo percentual da área de Comunicação.

No quesito raça, os brancos têm tido mais empregabilidade (81%) e maior renda média (R$ 4.642) em comparação aos demais. A maior distância está no grupo de pretos, em que 63% estão atuando como profissionais na área de formação e a remuneração média é de R$ 3.288, valor 30% menor que os brancos.

A discriminação no mercado de trabalho existe ainda conforme a idade dos egressos. A maior faixa de empregabilidade encontrada pelo IASE 2023 se concentra entre aqueles que têm entre 25 e 35 anos (51%), sejam trabalhando quanto trabalhando na área de formação. Em contrapartida, a idade tem vínculo direto com a remuneração. Os mais jovens – entre 18 e 24 anos – recebem 33% a menos que os mais experientes – acima dos 50 anos.

“Lamentavelmente, percebemos que o mercado de trabalho ainda privilegia homens brancos e jovens em detrimento de mulheres, pretos e pessoas mais velhas. Precisamos de políticas públicas que promovam maior empregabilidade e renda para esses grupos populacionais menos favorecidos”, comentou o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.

Mais oportunidades e maiores salários

De acordo com o IASE, 75,6% dos egressos do ensino superior estão empregados após até um ano da colação de grau e 83,1% deles, na área de formação. Os percentuais são maiores que na apuração do ano passado, quando 69% conseguiram trabalho logo que saíram do ensino superior e 70% encontraram oportunidade na área de graduação.

A remuneração média também aumentou, passando de R$ 3.821 para R$ 4.167, um crescimento de 9% (Gráfico 2). Merecem destaque os egressos dos cursos de Computação que encontram salários médios de R$ 6.180, cerca de 50% acima da média. O diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, comentou os dados. “Percebemos com satisfação que houve um aumento da empregabilidade em relação ao ano passado, com destaque para o crescimento da área de Tecnologia da Informação, cuja renda média aumentou de R$ 4,1 mil para R$ 6,1 mil”, afirmou.

Nesta edição foi avaliada a colocação profissional de mais de 4,8 mil egressos que colaram grau entre meados de 2021 e meados de 2022, ou seja, ainda sob efeito das consequências da pandemia e do início da retomada econômica. O volume de participantes cresceu 147% em comparação com a primeira amostra, quando quase 2 mil recém-formado responderam à pesquisa.

Índice ABMES/Symplicity de Empregabilidade 2023

O Índice ABMES/Symplicity de Empregabilidade foi elaborado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Symplicity – líder global em soluções de software de empregabilidade e engajamento estudantil. O estudo tem como objetivo formatar uma maneira padronizada de acompanhar os resultados de egressos e implantar indicadores de empregabilidades de relevância nacional, baseado em modelos já maduros aplicados em países que se destacam no tema, como EUA e Irlanda, com as adaptações necessárias para adequação ao cenário nacional.

Em 2023 foram coletados dados de 4.792 egressos de graduação que colaram grau entre julho de 2021 e junho de 2022 de 66 instituições privadas de ensino superior de todas as regiões do País. A apuração ocorreu entre março e julho de 2023.

Assim como na primeira edição, o levantamento de informações primárias foi realizado por essas instituições, seguindo o modelo de questionário quantitativo, acordado entre os participantes do Grupo de Trabalho criado pela parceria que teve o apoio do Inep. Os resultados incluem referências, como: o tipo de colocação profissional, média salarial e educação continuada.

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