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Brasil

Maus-tratos: búfalos são abandonados em fazenda em SP

Pelo menos 22 búfalas já morreram de fome no sítio até o momento. Há animais em decomposição, e muitos dos búfalos vivos estão com as costelas à mostra

Redação Jornal de Brasília

24/11/2021 8h33

Foto: ONG ARA/Divulgação

Ao menos 1.066 búfalos foram abandonados em uma fazenda de Água Sumida, em Brotas-SP, aparentemente de forma proposital. O caso, ocorrido há pouco menos de um mês, tem sido tratado por advogados e ativistas como um dos maiores casos de maus-tratos a animais já registrados no país.

Pelo menos 22 búfalas já morreram de fome no sítio até o momento. Há animais em decomposição na propriedade e muitos dos búfalos vivos estão com as costelas à mostra, em avançado estado de inanição.

A Polícia Civil investiga o caso. Segundo o delegado Douglas Brandão Amaral, as provas indicam que o proprietário e administrador da fazenda, Luiz Augusto Pinheiro de Souza, teria deixado propositalmente os animais definharem no local. A informação é do jornal O Globo.

O caso teve início depois que a Polícia Ambiental de São Paulo recebeu uma denúncia e fiscalizou o local, no dia 6 de novembro. Na ocasião, foram contadas 677 búfalas-asiáticas abandonadas e 22 animais mortos. O número, porém, é bem maior.

“Vimos um cenário de guerra quando chegamos ao local. Eram muitos búfalos mortos, outros caídos no chão e agonizando. As quase 500 cabeças que ainda estavam de pé começariam a cair em mais um ou dois dias. A força-tarefa conseguiu uma ordem judicial e começou a desatolar animais e dar soro e comida a eles, mas o proprietário continua omisso”, disse ao Globo o delegado Douglas Brandão Amaral.

O responsável pela fazenda foi multado na ocasião em R$ 2,133 milhões. Ele alega, no entanto, que não há irregularidades. “O fazendeiro alega que está tudo normal, que as búfalas estão morrendo porque estão velhas, e que ele não fez o descarte (dos animais) antes para frigorífico porque não achava justo mandar matar animais que foram úteis para ele no passado”, diz o delegado.

ONG e OAB se mobilizam

A ONG ARA conseguiu uma liminar que permitisse aos voluntários atuar no local para tratar dos animais, mas apenas dez pessoas estão autorizadas a entrarem no hospital de campanha na propriedade. O presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB, Reynaldo Velloso, defende que o Judiciário amplie a autorização para que mais ativistas entrem na propriedade.

“É muito grave e precisa de uma ação urgente. Podemos ter mortalidade em massa das fêmeas grávidas, o inquérito mostra um horror. Pelo que se sabe, passaram trator pelo pasto para que os animais não tivessem o que comer e isso acelerasse sua morte de fome. Temos imagens trágicas do local. Não basta salvá-los agora, mas por 10 ou 12 anos, para o resto da vida”, afirma.

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