O Comitê Olímpico Internacional (COI) declarou nesta sexta-feira que poderá cassar as cinco medalhas olímpicas da velocista norte-americana Marion Jones. O anúncio foi feito após a atleta ter admitido em carta publicada pelo jornal Washington Post que fez uso de substâncias dopantes durante dois anos antes dos Jogos Olímpicos de Sydney-2000.
“Nós agradecemos que agora exista alguma luz sobre todo este caso”, disse o vice-presidente do COI, Thomas Bach, à The Associated Press. “Com esta confissão, podemos acelerar e incrementar os procedimentos”.
As investigações sobre a atleta começaram em dezembro de 2004, depois que seu nome foi ligado ao escândalo dos laboratórios BALCO, acusados de fornecer substâncias proibidas a vários atletas. Até a publicação da carta, Jones sempre havia negado qualquer ligação com o caso.
Única velocista de seu país a conquistar cinco medalhas em olimpíadas – três ouros e dois bronzes -, Jones deve comparecer à Corte do Distrito de White Plains, em Nova York, para depôr sobre o caso. Nos Jogos de Sydney, ela venceu as provas de 100m e 200m e integrou a equipe campeã no revezamento 4x400m. As medalhas de bronze vieram no salto em distância e no revezamento 4x100m.
O COI pretende trabalhar juntamente com a IAAF, entidade máxima de atletismo no mundo, para determinar se cassa ou não as medalhas da atleta. “Com a confissão, o caso fica muito claro. Podemos agir rapidamente e acho que tudo pode ser concluído até o fim do ano”, destaca Bach. O Comitê Olímpico tem uma reunião executiva programada para o período de 10 a 12 de dezembro, em Lausanne, na Suíça.
Caso as medalhas sejam realmente cassadas, o ouro dos 100m corre o risco de nem ficar com a segunda colocada. Em Sydney, a vice foi a grega Katerina Thanou, que também está sendo investigada por suspeita de doping, juntamente com seu compatriota Kostas Kenteris. A dupla simulou um acidente automobilístico para não fazer o exame antidoping nos Jogos de Atenas-2004 e pegou dois anos de suspensão.
Mas a menos que o doping seja comprovado ou que Thanou admita sua infração, não haverá meios legais para impedi-la de receber o ouro. “É uma infelicidade”, confessa o porta-voz da IAAF, Nick Davies. “A segunda colocada é uma pessoa acusada de consumir drogas”.