A frase deixa claro o espírito com que o grupo encara a responsabilidade de reconduzir o país a resultados expressivos. Com apenas 21 anos, Splitter já tem cinco temporadas no basquete europeu, três delas na primeira divisão do Espanhol, defendendo o Tau Cerâmica.
O perfil é partilhado por outros companheiros da equipe. Dos 12 que jogarão no Japão, apenas Nezinho e Estevam nunca jogaram no exterior. Para os demais, muitos dos adversários que encontrarão no Mundial são companheiros de equipes ou oponentes do dia a dia.
O ala/armador Marcelinho Machado considera que este é um dos grandes trunfos do grupo. “Tiago tem três anos de Espanha, Guilherme também joga na Europa e podem falar alguma coisa quando jogamos contra europeus. Tem o Anderson e o Leandrinho na NBA. Eu também já joguei lá fora. Isto faz com que o time se sinta mais apto”, explica o jogador de 31 anos, que é o ‘veterano’ da equipe.
Apesar de ser o mais velho, ele acha que as responsabilidades estão bem estabelecidas e cada um sabe qual é sua parte. “Eu tenho certa experiência por estar há dez anos na seleção. Mas cada um soma uma coisa”, afirma.
Décimo quinto colocado no ranking da Confederação Internacional de Basquete (Fiba), o Brasil é o único país, ao lado dos Estados Unidos, que participou de todos os Mundiais da história. Dono de dois títulos do torneio: 1959 e 63, e apesar de alguns bons resultados continentais nos últimos anos, há tempos não brilha em Mundial e há três edições não se classifica para as Olimpíadas. É com o desafio de superar estes problemas que o time verde e amarelo encara a responsabilidade no Japão. Em uma competição na qual candidatos ao título não faltam, os brasileiros não falam em posicionamento na tabela. A meta é obter o máximo possível, mas o sonho do pódio não é abandonado.
“Claro que todo mundo vai para ganhar. Ficar entre os quatro seria um passo grande e uma evolução para a modalidade”, projeta Splitter, apoiado por Guilherme. “Este é um time mais jovem, mais atlético e mais talentoso em relação ao outro (de 2002). O time está bem, apesar de ser um Mundial mais difícil também. A meta é ser campeão, mas a gente vai para fazer o melhor possível”.
Apontados como a geração mais talentosa desde o ciclo de Oscar e Cia., os membros da atual seleção brasileira não se incomodam com o crescimento das expectativas de resultado. “Esta é uma cobrança normal quando você vê um time que tem tanto potencial”, considera Guilherme.
O técnico Aluísio Ferreira, o Lula, é outro que não receia ser atrapalhado pela expectativa geral. “A pressão existe, mas é distribuída”, afirma, acrescentando que o perfil dos atletas só contribui para lidar com a situação. “Craque não tem idade e a responsabilidade pode ser dividida”.
Para ele, não há exageros em cima das perspectivas brasileiras. “É justo esperar o máximo, estamos representando o basquete do país. O que se vai alcançar é diferente”, explica, sem negar a consciência da responsabilidade. “Tem que disputar medalha”, reconhece Lula, para quem a competição no Japão é a oportunidade desta geração se firmar. “Esta geração está sendo trabalhada desde 2001. Agora é a hora, é a nossa vez”, aposta.