A Índia abriga até sábado uma conferência internacional sobre banheiros para achar respostas ecológicas que beneficiem as 2, online 6 bilhões de pessoas no mundo que não têm acesso a instalações higiênicas.
“Este é um projeto de banheiros comunitários, com calefação, água tratada. A água é usada em todos os processos. É um exemplo de total reutilização dos resíduos”, afirma um porta-voz da ONG indiana Sulabh International, ao mostrar uma maquete.
A Sulabh é uma das entidades que organiza a conferência e participa com outras ONGs, empresas e organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde do evento, que tem a democratização da higiene como centro do debate.
A conferência começou na quarta-feira e termina no sábado.
“Fazemos apenas banheiros públicos. Acabo de começar o negócio”, afirmou à agência Efe o empresário Madhu S. Thakar, ao mostrar um modelo moderno.
O empresário, que dirige a companhia Thakar Equipment, mostra o modelo e afirma que “tem um sistema especial de fluxo de ar” para evitar cheiros desagradáveis, além de um sanitário desenhado especialmente para que a água não saia.
“O vaso sanitário é lavado até quatro vezes depois de usado”, afirma o empresário, que se vangloria de ter desenhado um material ecológico e à “última moda” para a população indiana.
“Tem um sistema antibacteriano, é higiênico, privado, ecológico e custa 60 mil rúpias” (cerca de US$ 1,5 mil dólares), afirma Thakar.
Na conferência em Nova Délhi estão expostos desde modernos banheiros públicos que podem ser colocado em qualquer área rural da Índia – como o de Thakar – até modelos ocidentais para todos os gostos.
Um empregado de uma das companhias que fabrica banheiros explica a diferença entre o modelo indiano e o ocidental: “Os indianos se sentam de outra forma e depois se limpam com água, ao contrário dos ocidentais que utilizam papel higiênico. O sanitário da Índia só tem um prato”, afirma o comerciante,
Empresas suíças, americanas, alemãs e inglesas se juntaram aos organismos como a Organização Mundial de Sanitários e entidades como a Pacific Waste Technologies, muitas delas dedicadas ao design de banheiros de baixo custo.
A conferência na Índia ocorre em boa hora, já que mais da metade da população rural continua fazendo suas necessidades no campo, em valetas ou ferrovias.
O ministro de Desenvolvimento Rural, Raghuvansh Prasad Singh, declarou em abril que até 2012 nenhum indiano fará mais suas necessidades ao ar livre. No entanto, o sonho de um vaso para cada indiano ainda está longe da realidade.
“Não há lavabos suficientes para mulheres”, afirma um estudante de Nova Délhi ao jornal “Hindustan Times”.
A mesma publicação afirmou na edição de quarta-feira que, enquanto na Índia fazer as necessidades ao ar livre é uma obrigação, no Ocidente é algo feito para “desafiar as autoridades” e um símbolo de rebeldia.
A ex-Miss Universo Yukta Mookhey cortou a fita para inaugurar a conferência e se aproximou de vários postos para mostrar interesse por algumas iniciativas das ONGs e admirar maquetes de banheiros.
Os novos desenhos de alguns banheiros contrastam com a informação que aparece num rótulo da ONG Sulabh: “2,6 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a lavabos higiênicos”.