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Brasil

Guaíba pode receber volume de água equivalente ao de Itaipu em maio

Com a previsão de chuva para os próximos dias, a quantidade de água que chega ao lago pode dobrar e atingir os 29 trilhões de litros

Redação Jornal de Brasília

10/05/2024 18h01

Vista de uma rua inundada em Lajeado, Rio Grande do Sul, Brasil, em 19 de novembro de 2023. (Photo by SILVIO AVILA / AFP)

HELENA SCHUSTER
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

As chuvas que vêm castigando o Rio Grande do Sul já levaram ao lago Guaíba, apenas nos primeiros sete dias do mês de maio, cerca de 14 trilhões de litros de água. A quantidade representa aproximadamente metade do volume total do reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu.

Com a previsão de chuva para os próximos dias, a quantidade de água que chega ao lago pode dobrar e atingir os 29 trilhões de litros até o dia 17 de maio. Ou seja, o volume total do reservatório de uma das maiores hidrelétricas do mundo. O cálculo é do IPH (Instituto de Pesquisas Hidrológicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

“O cálculo de ‘uma Itaipu’ foi feito com base no hidrograma entre o dia 1º de maio, quando começou a elevação do Guaíba, até o dia 17, final da previsão considerando as chuvas previstas para os próximos dias. Comparamos com Itaipu para ajudar a população a entender. Frequentemente se compara com campos de futebol e piscinas olímpicas, mas isso ainda é pouco para o que estamos vendo aqui”, diz o professor e pesquisador do IPH, Fernando Meirelles.

A velocidade com que a água entrou no lago, que é utilizada para calcular o volume do Guaíba, também disparou em relação aos parâmetros comuns. Normalmente numa velocidade de 1,2 milhão de litros por segundo, o pico da vazão durante a cheia chegou a 30 milhões de litros por segundo no dia 5 de maio.

“A situação realmente é crítica e muito grave. Foi uma chuva muito fora do que a gente tava acostumado e as previsões infelizmente são de uma cheia duradoura”, diz Meirelles.

O lago Guaíba, depois de atingir 5,35 metros no pico da cheia, se manteve na casa dos 4,7 metros nesta sexta-feira (10). Ainda em níveis elevados, os rios Jacuí, Sinos, Gravataí e Taquari, que desaguam no lago e causaram a inundação, também mantiveram a redução. O cenário, no entanto, pode mudar.

Em nota técnica conjunta, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e outros órgãos federais alertaram para a previsão de chuvas volumosas e ventos desfavoráveis para o escoamento da água. “Os acumulados previstos entre sexta-feira (10) e segunda poderão superar os 150 mm, o que, provavelmente, irá agravar a situação do estado”, diz um trecho do texto.

As previsões do IPH indicam tendências parecidas e a possibilidade de retorno do Guaíba a níveis mais altos. “Os cenários reafirmam a cheia duradoura e a persistência da redução lenta do nível [do Guaíba].

Mas há possibilidade de repique por efeito das chuvas, podendo retornar a marca dos 5 metros nos próximos dias”, diz o instituto.

Ambas as previsões também alertam para o risco de inundação no sul do RS por conta da elevação da lagoa dos Patos, por onde a água do Guaíba deve passar antes de chegar ao oceano. “A mudança na posição dos ventos desfavorece o escoamento. Desta forma, a preparação dos municípios para inundação gradual na região de Pelotas, Rio Grande e arredores, deve ser redobrada”, alerta o Inmet.

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