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Brasil

Grupo de brasileiros gasta R$ 7 mil para ir à guerra pela Ucrânia

Aproximadamente cem pessoas já formalizaram o contato junto à Embaixada da Ucrânia no Brasil

Redação Jornal de Brasília

08/03/2022 18h29

Foto: Reprodução

Um grupo com ao menos 500 brasileiros tem se mobilizado através do Whatsapp e do Telegram para participarem do conflito entre Rússia e Ucrânia. Sem o apoio do governo brasileiro, os voluntários tem levantado recursos que, segundo o portal UOL, que conversou com os interessados, custam até R$ 7 mil por pessoa.

O grupo pretende se alistar à Legião Internacional de Defesa do Território, criada pelo governo ucraniano em meio ao conflito com as tropas russas. Aproximadamente cem pessoas formalizaram contato junto à Embaixada da Ucrânia no Brasil e agora, 15 brasileiros estão na zona de conflito.

Adalton Silva, ex-militar do Exército. Foto: Arquivo pessoal

O ex-militar Adalton Silva é um dos integrantes do grupo. O homem é proprietário de uma empresa de segurança privada no interior do Rio de Janeiro. Adalton afirma que teve três anos de experiência no batalhão de infantaria das Forças Armadas brasileiras, e agora participa de sete grupos no WhatsApp (cinco deles como administrador), em que voluntários afirmam estar dispostos a morrer na guerra ao lado dos militares ucranianos.

Em uma das imagens registradas por um dos membros na última sexta-feira (4), é possível ver os acampamentos militares ucranianos que ficam na fronteira com a Polônia, protegidos por arame farpado. Um dos membros fala no vídeos que “está aguardando a chegada dos outros para irem juntos”.

Segundo Silva, 80% do grupo de interessados em atuar no conflito é formado por ex-militares. O restante é composto por tradutores com fluência nos idiomas ucraniano ou inglês, médicos e enfermeiros.

“Temos uma equipe bem estruturada disposta a ajudar. São pessoas para as quais eu posso falar: ‘cubra a minha retaguarda’, ‘acerte um alvo a 300 metros de distância’. É gente da minha inteira confiança e subordinada a mim. Não queremos levar ninguém para morrer”, relata.

Antes de entrarem no grupo, os candidatos passam por um questionário elaborado pelo próprio Silva para apurar se ele tem conhecimentos necessários para integrar o “pelotão”. Em seguida, o voluntário é cadastrado com nome, RG, endereço, telefone e função.

Ex-militar e empresário, Bruno Evans. Foto: Arquivo pessoal

Atualmente, Silva tenta conseguir transporte para levar o grupo até a Polônia, na fronteira com a Ucrânia, onde os alistamentos para integrar a Legião Internacional de Defesa do Território estão ocorrendo. O ex-militar chegou inclusive, a gravar um vídeo com pedido de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

“Eu quero pedir ajuda do governo federal para embarcar à Ucrânia e ajudar os irmãos ucranianos. Só queremos ajudar aos necessitados. A nossa ideia é oferecer ajuda humanitária. Nossos irmãos ucranianos estão sendo massacrados”, afirma.

Bruno Evans, de 27 anos, é outro integrante do grupo que já tem data prevista para deixar o Brasil em direção à Polônia. Segundo o empreendedor, os gastos são de até R$ 7 mil com passagens aéreas e documentação. Com dois anos de experiência na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, ele diz estar disposto a morrer.

“Estou disposto a morrer na guerra, se necessário. Quem vai para a Ucrânia, tem que saber dos riscos. Não sei se vou sair da guerra vivo ou se vou ficar com sequelas. Mas minha ideia é ficar na Ucrânia e não voltar mais ao Brasil”, declarou.

Olhar da Rússia e da Ucrânia sobre a mobilização

Apesar de parecer uma iniciativa pequena e de pouco impacto comparada a força militar russa, um profissional da indústria bélica internacional garantiu, de acordo com a publicação do UOL, que o serviço de inteligência da Rússia está de olho na movimentação de brasileiros e outros voluntários da América Latina.

Já na Ucrânia, as Forças Armadas do país publicaram, na última quinta-feira (3) um comunicado nas redes sociais confirmando que os interessados em lutar pelo país deveriam procurar as embaixadas. Segundo o documento, as despesas da viagem devem ser bancadas pelos voluntários.

Segundo o documento, o interessado deve portar documentos como passaporte, uniformes e equipamento de trabalho militar. Os vistos são desnecessários. O candidato deve preencher um formulário. Se aceito, deverá arcar com os custos da viagem até a Ucrânia.

“Os representantes das embaixadas ucranianas e o comando das forças de Defesa Territorial vão providenciar ajuda na rota”, completa o comunicado.

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