CLAYTON CASTELANI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Estudantes realizaram manifestações neste sábado (22) em algumas capitais do país para pedir a anulação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano. Protestos foram registrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus, segundo organizadores.
A mobilização articulada pelas redes sociais é motivada pela suspeita de vazamento de conteúdo. Os questionamentos sobre a integridade do exame surgiram porque, dias antes das provas de matemática e ciências da natureza no último domingo (16), um universitário exibiu pela internet questões muito parecidas às efetivamente aplicadas.
Diante da repercussão do suposto vazamento, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) cancelou três questões. A anulação de uma pequena quantidade de itens do teste é considerada insuficiente, segundo grupos que se manifestam pela anulação do exame.
Na região central da cidade de São Paulo, manifestantes se reuniram sob o vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista.
Munidos de cartazes com críticas à organização do Enem e alguns com rostos pintados como se fossem palhaços, os jovens ocuparam parte da calçada e gritaram pela anulação das provas, sem interferir na circulação de pedestre e veículos.
A designer gráfica de Passo Fundo (RS), Paula Huppes, 26, disse ter chegado à capital paulista neste sábado e se apresentou como uma das líderes da mobilização.
Paula diz que, além da anulação das provas, o movimento quer que todo o banco de questões seja cancelado.
Ela, que prestou o exame com intuito de concorrer a uma vaga do curso de medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma que a mobilização é apartidária e desvinculada de organizações estudantis e políticas.
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou nesta sexta-feira (21) que o Enem não será anulado.
“Eu queria aqui tranquilizar a cada um de vocês que fizeram a prova, a cada um de seus familiares, que o Enem não será cancelado”, afirmou Santana, em vídeo publicado em uma rede social.
“[Sobre] o ruído que aconteceu nas redes sociais de uma live de um aluno, de um jovem que divulgou questões que podiam ser similares às que caíram no Enem, a comissão do Inep, que é responsável pelo Enem, tomou a decisão técnica de cancelar, anular, três itens com um único objetivo: de prevenção e isonomia e para não prejudicar nenhum aluno que fez o Enem esse ano”, completou o ministro.
Camilo se refere a uma transmissão ao vivo realizada antes do segundo dia do exame pelo estudante de medicina Edcley Teixeira. Ele mostrou ao menos cinco questões muito semelhantes às da prova de 2025.
O ministro também reiterou que a Polícia Federal instaurou na última quarta-feira (19) um procedimento para analisar a possível divulgação indevida de questões desta edição da prova.
Segundo a PF, foram adotadas medidas imediatas de preservação, incluindo o resguardo do conteúdo veiculado em redes sociais e o acionamento das plataformas digitais para a preservação dos registros técnicos necessários às apurações.
No vídeo que ganhou popularidade na última segunda-feira (17), um dia após as provas, o estudante de medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará) apresentava suas principais apostas para o exame.
Após o episódio, o Inep divulgou um comunicado reafirmando “isonomia, lisura e validade” do Enem 2025. O órgão disse que “nenhuma questão foi apresentada tal qual” na prova e que as semelhanças identificadas foram “pontuais”.