BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
As denúncias por intolerância religiosa no primeiro semestre deste ano cresceram 80% em comparação ao mesmo período de 2023.
No ano passado, foram 681 denúncias em seis meses, frente a 1.227 de 2024. Em mais de 900 casos, não há registro de qual a religião que teria sido alvo de intolerância.
Nas denúncias em que há esse tipo de informação, as religiões de matriz africana representam a maior parte, com 75 denúncias de intolerância contra a umbanda, 58 para o candomblé e 19 em que ambas são citadas. No total, foram 152 denúncias somente no primeiro semestre.
Na sequência, estão os evangélicos, com 49 denúncias.
Os dados fazem parte do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, que reúne denúncias contra qualquer tipo de violações.
A maior parte das vítimas da violência são mulheres. Neste ano, 742 das denúncias foram de violações contra esse público, o que representa 60% do total de registros.
O perfil racial mais atingido pela violência é de pretos e pardos, com 647 denúncias.
Em 2023, um levantamento do Iser (Instituto de Estudos da Religião) com o data_labe apontou que cristãos apareciam na frente como alvos de intolerância de 2020 a 2022.
Na plataforma do Disque 100 – vinculada ao Ministério dos Direito Humanos – é possível filtrar as denúncias pela sua natureza, como violações a direitos básicos como alimentação, educação, saúde e liberdade, até violações ao meio ambiente.
Em cada uma dessas, pode-se ver o número de denúncias de acordo com a subcategoria. Dentro das violações à liberdade, por exemplo, constam a liberdade de crença -onde estão os dados de intolerância religiosa-, sexualidade, expressão, entre outras.
O Disque 100 recebe ligações gratuitas e anônimas de qualquer local no Brasil, com funcionamento 24 horas.
Somente este ano, a plataforma registrou 398.228 denúncias. Todas elas abarcam um total de mais de 2,6 milhões de violações, tendo em vista que em uma única denúncia pode conter mais de um tipo de violência.
Até o momento, o mês de maio foi o mais violento, segundo os registros. Foram 60.687 registros. Entre os estados, São Paulo lidera o ranking, com 105.841 denúncias de janeiro até o momento. O segundo lugar cabe ao Rio de Janeiro, com 52.920 registros.