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Brasil

Comerciantes vivem incerteza após destruições do tornado em Rio Bonito do Iguaçu (PR)

Moradores de Rio Bonito do Iguaçu relatam perdas e recomeço após tornado que devastou a cidade

Redação Jornal de Brasília

10/11/2025 18h05

drone tornado parana

Foto: Reprodução

LUIZ CARLOS DA CRUZ
FOLHAPRESS

Sentado em uma cadeira de rodas em um pequeno supermercado que possuía há mais de 20 anos em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, o comerciante Elio Valim de Almeida, 62, era o retrato da incerteza de como será a vida pela frente. Nesta segunda-feira (10), com olhos marejados, ele contou que o sonho de duas décadas foi destruído em questão de segundos, após a passagem do tornado que devastou a cidade, na sexta-feira (7).


Seis pessoas morreram no Paraná. Nesta segunda, o governo do Rio Grande do Sul também confirmou mais uma morte, de um homem de 21 anos, em São José dos Ausentes, após as tempestades severas que atingiram o Sul do país.


A casa onde Elio morava ficava na parte superior do comércio. Tudo se perdeu, inclusive os documentos pessoais. Ele está alojado temporariamente na casa de um amigo, em um assentamento rural.
“Não tenho cabeça para pensar, era o meu ganha-pão. Minha vida era comprar e vender, receber e pagar”, diz o comerciante. Há dois meses, por complicações de saúde, ele precisou amputar a perna direita, e passou a usar uma cadeira de rodas.


Na cidade pequena, ainda é comum muitas pessoas fazerem compras na base do “fiado” e pagar com 30 dias. Elio diz que tem dinheiro para receber dos clientes, mas praticamente todos os que possuem dívida com ele agora estão precisando de ajuda, porque também perderam tudo no tornado. As mercadorias que ele conseguiu salvar estão em cima de um caminhão emprestado por um amigo.


Na quadra ao lado, Eliandro Felan, dono de uma conveniência, também não sabe como será o futuro. O telhado do estabelecimento foi arrancado pelo vento, a fachada voou longe e o ar-condicionado despencou sobre um cliente que estava no local e precisou ser levado ao hospital.


“Agora, na verdade, vai ser tudo do zero. Vamos ver como será, como virão as ajudas e ver como vai ficar”, afirma.


Roseli Pereira de Souza é dona de uma panificadora e conta que, no momento em que o tornado atingiu a cidade, estavam trabalhando. O vento destruiu o estabelecimento, mas os cinco funcionários e os clientes que estavam no local não se feriram.


“A gente ainda não parou pra pensar como será daqui para frente. Primeiro estamos vendo os estragos, ver o que dá para aproveitar.” Ela não sabe estimar os prejuízos, mas diz que a destruição foi total.


A técnica de enfermagem aposentada Glaci Tereza Merlak, 63, estava em casa com o marido, Vilmar, quando o tornado iniciou. Eles conversavam sobre a possibilidade de temporal quando foram surpreendidos pelo vento forte.


O marido tentou segurar uma porta de vidro, que acabou estourando e o jogou contra uma geladeira, arrastada por vários metros. Ferida, ela procurou ajuda dos vizinhos. “Tentamos abrir a porta para pedir socorro, mas não havia a quem, porque todos estavam na mesma situação”, relata.


A aposentada Tereza Bittu, 88, conta que um fogão salvou sua vida. A parede da casa desabou em sua direção, mas um fogão que estava em um local mais elevado da residência serviu como proteção.
Socorrida por um vizinho, com apoio de policiais, ela foi levada para um hospital de Laranjeiras. O olho roxo e marcas pelo corpo mostram o impacto de objetos contra ela.


“Eu acho que escapei foi pelo amor de Deus”, afirma. A aposentada está na casa de uma filha em Laranjeiras do Sul e, nesta segunda-feira, voltou para Rio Bonito do Iguaçu. O pouco que sobrou de sua casa terá que ser demolido.


Moradores e voluntários aproveitaram a segunda-feira de sol para retirar entulhos e limpar a cidade. Aos poucos, a energia elétrica e o sinal de telefonia começam a ser restabelecidos. A preocupação maior é que há previsão de chuvas para quarta-feira (12), o que poderá dificultar os trabalhos.

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