Teixeira, que trabalha como documentarista desde 1989, estréia na ficção com “A Casa de Alice”. O filme foi selecionado para mais de 25 festivais e premiado nos de Miami (Estados Unidos) e Guadalajara (México), entre outros.
O filme será exibido nesta mesma semana no Festival do Rio, o que impediu Teixeira de viajar para San Sebastián, explicou o produtor, Patrick Leblanc, em declarações publicadas hoje no jornal oficial da competição.
O filme estréia no Brasil em novembro e conta uma história sobre os problemas de uma família de classe média.
“Não esperávamos tanto sucesso” nos festivais, disse Leblanc.
Lina Chamie, por sua vez, apresenta “A Via Láctea”, seu segundo longa. O primeiro foi “Tônica Dominante” (2001).
A diretora brasileira já havia levado “A Via Láctea” para San Sebastián no ano passado, quando ganhou o prêmio Casa da América dentro da mostra Cinema em Construção, iniciativa conjunta do festival de San Sebastián e do de Toulouse (França) em apoio ao cinema latino-americano.
“Consegui terminar o filme” graças a essa ajuda, declarou Chamie, que “sonhava em vir a San Sebastián” para exibi-lo.
O cineasta Cláudio Assis também chegou a San Sebastián com seu segundo longa-metragem de ficção, “Baixio das Bestas”. Com ampla experiência em documentários e autor do longa “Amarelo Manga” (2001), ele já venceu com “Baixio” o prêmio Tigre do Festival de Roterdã (Holanda).
O filme conta com o ator Matheus Nachtergaele, que também trabalhou em “Amarelo Manga”.
Nachtergaele também assina como diretor de “A festa da Menina Morta”, um dos seis filmes inacabados selecionados para a 12ª edição da competição “Cinema em Construção”, mas acabou não sendo premiado.
Melhor sorte teve o outro brasileiro participante desse concurso: “Sol da Neblina”, de Werner Schumann (do seriado “Pista Dupla”, da “CNT”), dividiu com o uruguaio “Acne” o prêmio da estatal “TVE” espanhola, que consiste na compra dos direitos de transmissão do filme.
O festival foi encerrado com dois filmes que fazem duras leituras da realidade: “Padre Nuestro”, no qual Christopher Zalla aborda as misérias da imigração mexicana nos Estados Unidos; e “Daisy Diamond” do dinamarquês Simon Staho, que explora o lado mais obscuro da maternidade.
“Padre Nuestro” marca a estréia de Zalla na direção. Nascido no Quênia, ele estudou cinema nos Estados Unidos e ganhou o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cinema de Sundance deste ano com o filme, cujo roteiro também assina.
Com “Padre Nuestro”, Zalla se afastou da estrutura tradicional do cinema americano, contando em espanhol a história dois jovens que chegam ilegalmente a Nova York.
Trata-se de um filme obscuro e forte, que se resume ao espaço onde se movimentam os três personagens principais; um submundo de ruas sujas e vagabundos que sobrevivem entre os transeuntes e no qual não há espaço para a esperança.
Entre os protagonistas – todos mexicanos – destaca-se Jesús Ochoa, que encarna o velho emigrante clandestino.
“Há muitas barreiras no mundo; esse é um tema do filme. A mais perigosa, para mim, é olhar as diferenças entre as pessoas, não as semelhanças”, disse Zalla, que quis fazer um filme “sobre as barreiras que separam as pessoas e os países”.
O dinamarquês “Daisy Diamond” encerrou a competição. O jovem Simon Staho, que já havia competido em 2005 com “Bang Bang Orangutang”, entra agora em um assunto arriscado: os dois lados da maternidade. A história se concentra na personagem da atriz Noomi Rapace, uma jovem que luta com todas as forças para ser atriz e, ao mesmo tempo, cuidar sozinha da filha de poucos meses.
O filme aceita o risco de abordar algo que nunca se comenta: os sentimentos despertados por um filho em sua mãe, não só amor e carinho, mas também cansaço, irritação e raiva.
Mas “Daisy Diamond” é, ao mesmo tempo, um retrato da progressiva degradação de uma atriz.
“Tratava-se de encaixar nesse personagem, com honestidade, as emoções e sentimentos mantidos ocultos por serem considerados tabus”, declarou Staho à imprensa após a projeção do filme.
“Supõe-se que a mãe deve amar seu bebê sempre, mas não é assim. Há muitas sensações complexas”, acrescentou.