Por Guilherme Gomes
(Jornal de Brasília / Agência UniCEUB)
Estados nacionais com instituições enfraquecidas e crises financeiras impuseram a países latino-americanos desafios para gerir a ciência. Essa é uma das reflexões do pesquisador colombiano em educação José Fernandes Patiño Torres, radicado no Brasil e professor de psicologia da Universidade Federal de Tocantins (UFT). Para ele, a ciência vive momento de crise, mas é campo de resistência e de combate às desigualdades.
O professor esteve no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) durante o Simpósio Internacional de Pesquisa e XVI encontro de Iniciação Científica. “A ciência pode ser um campo muito interessante porque pode confrontar as posições mais estabelecidas. Estou falando que a ciência não implicaria necessariamente em ter fins sociais diante dos conflitos coletivos. De toda forma, acho que a ciência deve se tornar protagonista”. Ele salienta que, no ano passado, o país concedeu 99 mil bolsas, mas teve um revés neste ano com o corte de recursos para educação de mais de R$ 3,8 bilhões.
100 mil bolsas
Além disso, ele contextualiza que a maior parte dos alunos criam processos de subjetivação não apenas em salas de aula, principalmente nos projetos de iniciação científica. “Temos um investimento importante no Brasil, por exemplo, em processos formativos. As políticas e pesquisas são fundamentais para a sociedade. Argentina e México não tiveram a mesma oportunidade”.
A coordenadora de programas acadêmico do CNPQ, Lucimar Batista de Almeida, lamentou que a restrição orçamentária para bolsas de pesquisa. “O intuito do CNPQ é formar cidadãos em qualquer área. Tínhamos mais de 100 mil bolsas de pesquisa , mas com os planos do governo federal tivemos que recuar”.
Patiño Torres disse que, entre os desafios contemporâneos, há um cenário de democracias ameaçadas em todo o mundo. “Por outro lado, nunca houve tanta acumulação de bens simbólicos. A gente vive um corte orçamentário na pesquisa. Eu penso que temos um cenários crítico em relação a orçamentos que podem complicar as experiências das novas gerações.