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Chuva abre cratera em rua de Maresias, e moradores passam a noite sem dormir em São Sebastião

Na Na Vila Sahy, comunidade que fica na área de encosta do lado oposto da praia de Barra do Sahy, a madrugada foi tensa para moradores

Redação Jornal de Brasília

25/01/2024 13h33

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

REGINALDO PUPO

SÃO SEBASTIÃO, SP (FOLHAPRESS)

Chuvas de forte intensidade atingiram o litoral de São Paulo desde a noite desta quarta-feira (24) causaram danos em diferentes cidades, como em São Sebastião, onde a prefeitura acionou sirenes de alerta para orientar a população de áreas de risco a buscar abrigos.

Segundo a Defesa Civil, a chuva continuava persistente na cidade por volta das 12h. Foram registrados alagamentos nos bairros Juquehy, Barra do Sahy, Barra do Una, Camburi e Boraceia.

Na Na Vila Sahy, comunidade que fica na área de encosta do lado oposto da praia de Barra do Sahy, a madrugada foi tensa para moradores. Muitos saíram de suas casas temendo novos deslizamentos, como os que ocorreram no Carnaval do ano passado, quando 64 pessoas morreram soterradas –na época, outra morte foi registrada em Ubatuba.

Moradores do bairro entraram em desespero quando a prefeitura acionou as sirenes por volta das 21h desta quarta-feira. Foi a primeira vez que o sistema foi colocado em prática desde a tragédia.

Uma mensagem pedia que a comunidade se dirigisse aos pontos de encontros criados após a catástrofe. Diversas famílias deixaram suas casas e se dirigiram em busca de abrigo em residências de parentes ou amigos. Outras permaneceram em vigília durante toda a madrugada.

Às 23h35, a Defesa Civil de São Sebastião emitiu um alerta de “movimento alto de massa”, que indica alto risco de deslizamentos e inundação.

Uma escola foi aberta pela prefeitura em Barra do Sahy para receber eventuais desabrigados ou desalojados do bairro e da Vila Sahy. Até 0h15 desta quinta, um casal havia procurado o abrigo na Escola Municipal Henrique Tavares de Jesus. O espaço tem capacidade para até 60 pessoas. A prefeitura disponibilizou um ônibus na entrada da Vila Sahy para levar desabrigados até a escola.

Nesta amanhã, outra unidade de ensino, a Prof. João Gabriel de Santana, foi aberta como ponto de abrigo em Toque-Toque Pequeno, na costa sul. Oito pessoas de três famílias, incluindo quatro crianças, foram retiradas de suas casas na região em razão do risco.

A menos de 10 quilômetros dali, na praia de Boiçucanga, algumas casas e comércios ficaram alagados devido ao nível de um rio que cruza o bairro subir acima do normal. A correnteza criada pela força das águas levou bicicletas e caçambas de lixo.

Em Juquehy, também na região sul, moradores correram para tentar evitar que a água da chuva atingisse o interior das residências. Sofás, geladeiras, camas e aparelhos eletrônicos foram suspensos para não serem afetados pelas águas, que chegaram à altura das portas de algumas casas.

Na região norte, diversos bairros ficaram alagados, como Portal da Olaria e Pontal da Cruz. A rodovia Rio-Santos, que corta o município, ficou alagada em diversos pontos. Alguns trechos ficaram totalmente submersos, impedindo o trânsito de veículos e até de caminhões.

Na região de Maresias, uma das mais baladas da cidade, o temporal provocou uma cratera na rua Maria Prudência. Segundo a Secretaria de Obras, houve o rompimento de tubulação de drenagem urbana, atingiu a base do pavimento e causou o solapamento da via.

Outras cidades do litoral são afetadas pela chuva
Outros municípios do litoral norte também foram afetados pelas chuvas. Em Caraguatatuba, vizinha a São Sebastião, vários bairros e a região central tiveram ruas alagadas e ficaram sem energia elétrica. A água invadiu casas e comércios.

Houve queda de energia, e o fechamento da rodovia dos Tamoios, por risco de deslizamento, dificulta o acesso da concessionária à cidade. Por volta das 21h30, a serra antiga, principal ligação entre o litoral norte e o Vale do Paraíba, foi fechada pela concessionária por questões de segurança. O volume de chuva acumulado nas últimas 72 horas na Tamoios ultrapassou os 100 mm, de acordo com medições feitas pela própria concessionária, causando o risco de queda de barreiras no trecho, segundo a empresa.

A serra antiga atualmente é utilizada para descida. A subida é feita por uma nova estrada, composta por quatro túneis. É por ela que os carros terão de descer para o litoral norte enquanto durar a interdição, no sistema pare e siga. A serra antiga é fechada sempre que o acumulado de chuva atinge 100 mm.

No decorrer da madrugada, a região registrou deslizamentos de terra e quedas de árvores em diversos pontos da rodovia Rio-Santos. No bairro Getuba, o transbordamento de um rio e a queda de uma barreira interditou os dois lados da pista, gerando congestionamento e prejudicando a chegada de turistas. A pista foi totalmente liberada por volta das 10h.

Em Bertioga, a forte precipitação, acompanhada por ventos de 30 km/h, começou ainda no meio da tarde e alagou ruas de diversos bairros. Um carro estacionado foi atingido por um poste de eletricidade e ficou parcialmente danificado. Ninguém se feriu.

As chuvas também provocaram o desabastecimento de água em alguns bairros dos quatro municípios do litoral norte.
Segundo a Sabesp, a lama, galhos e outros materiais arrastados nos mananciais prejudicam a captação e o tratamento da água.

Em Caraguatatuba, os bairros Massaguaçu, Getuba, Morro do Chocolate, Fazendinha, Santa Rosa, Capricórnio I, II e III, Cocanha, Delfim Verde, Jardim do Sol, Morada do Sol, Parque Imperial, Parque Patrimônio, Portal Fazendinha, Santa Rosa e Verde Mar, todas na região norte, estão com intermitência no abastecimento.

Em Ubatuba, os sistemas operam em modo de atenção. Já em Ilhabela, as regiões afetadas foram Água Branca e Pombo, incluindo os bairros Barra Velha, Perequê, Itaquanduba, Itaguassu, Saco da Capela, Engenho d’Água, Vila, Santa Tereza, Pedra do Sino, Armação, Curral, Praia Grande, Feiticeira, Portinho, Ilhote e Piúva.
Em São Sebastião, os bairros mais afetados são Maresias, Boiçucanga e Paúba.

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