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Brasil

Após ataque a yanomamis, garimpeiros atiram em policiais federais em RR

Segundo informações da Polícia Federal, os disparos partiram de uma embarcação de garimpeiros que passou pelo rio Uraricoera

Redação Jornal de Brasília

12/05/2021 7h37

Uma equipe de policiais federais foi atacada por disparos de arma de fogo no final da tarde desta terça-feira (11) quando se preparava para deixar a comunidade indígena Palimiu, às margens do rio Uraricoera, em Roraima. Segundo informações da Polícia Federal, os disparos partiram de uma embarcação de garimpeiros que passou pelo rio Uraricoera no momento em que a equipe estava prestes a voltar para Boa Vista (RR).

A equipe se abrigou e atirou de volta contra os garimpeiros, conforme relato da assessoria de imprensa da Polícia Federal em Roraima. Não houve registro de feridos em nenhum dos lados.

Os policiais federais foram para a comunidade após ataque de garimpeiros ilegais contra os yanomamis na segunda-feira (10). Um vídeo obtido por associações yanomamis mostra a chegada de uma lancha de garimpeiros, os disparos e a fuga de mulheres carregando seus filhos.

De acordo com a Polícia Federal, não foram encontrados corpos no local, mas os indígenas mantêm a versão de que três garimpeiros morreram supostamente durante tiroteio e foram levados por seus companheiros.

O presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Junior Hekurari Yanomami, afirma que além dos três garimpeiros que teriam morrido na ação, outros cinco ficaram feridos.

Os policiais federais apuraram que apenas um indígena foi atingido de raspão, sem gravidade, durante o conflito.

Um garimpeiro foi apreendido pelos indígenas e levado pela Funai à Superintendência da Polícia Federal na segunda-feira. Ele foi ouvido e liberado. Segundo as informações obtidas pela Polícia Federal, ele subia o rio Uraricoera em direção ao garimpo quando foi abordado por indígenas. Em seguida, outra embarcação apareceu com não índios e começou a atirar.

Funcionários da Funai recolheram cápsulas de munição calibre .20 mm, 380 mm e 9 mm, supostamente utilizadas no conflito.

Segundo a Hutukara Associação Yanomami, a tensão na região cresceu desde o dia 27 de abril, quando yanomamis interceptaram uma lancha de garimpeiros e apreenderam 990 litros de combustível.

A presença de cerca de 20 mil garimpeiros, segundo estimativa das organizações yanomamis, contribui para a explosão de casos de malária na Terra Indígena Yanomami, além da Covid-19 e de outras doenças.

O advogado indígena Eloy Terena informou nesta terça que a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) pediu providências ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a situação na Terra Indígena Yanomami.

“A situação é grave e tensa. Os indígenas estão sob permanente ameaça de garimpeiros”, ele disse. “A realidade é o prenúncio de um genocídio. É preciso que o pedido de socorro dos yanomami seja ouvido”.

Vídeo divulgado pela Apib nas redes sociais mostra o momento em que os garimpeiros e os policiais federais trocaram tiros. O conflito armado teria durado cerca de cinco minutos.

O garimpo é ilegal em terras indígenas, mas esse crime tem crescido desde o início do governo Jair Bolsonaro (sem partido), em meio a promessas de legalização e à disparada do preço do ouro. Em 29 de abril, durante a live semanal ele prometeu visitar um garimpo ilegal para “conversar com o pessoal, como eles vivem lá”.

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