Eles perderam o medo e invadiram os consultórios de cirurgia plástica. No Brasil, o número de cirurgias plásticas em homens quadruplicou nos últimos cinco anos. Passou de 72 mil para 276 mil procedimentos ao ano, um aumento de 300%. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
“Há dez anos, o público da cirurgia plástica era majoritariamente feminino. Homem só pisava no consultório se fosse para acompanhar a consulta da esposa”, recorda o cirurgião plástico Sérgio Morum. Com o crescimento, os homens passaram de 12% para 22,5% do mercado dos procedimentos estéticos. E a tendência é aumentar. “Antes, os poucos homens que faziam cirurgias plásticas eram convencidos pelas esposas, na base da insistência. Hoje eles vêm por conta própria. Acabou a história de que homem não pode se cuidar”, esclarece Morum.
O aumento da vaidade está relacionado à queda do preconceito. Dentro dos consultórios, os homens passaram a encarar com mais naturalidade o cuidado com a beleza. Se antes os halteres da academia eram a única maneira de se entrar em forma, hoje as mesas de cirurgia deixaram de ser um espaço frequentado apenas por mulheres. Morum narra que a história dos pacientes segue o mesmo enredo.
“A preocupação com a beleza é gradativa. Começa com produtos básicos, como shampoo, ou um creme para a pele. Até chegar ao bisturi. O homem é influenciado por amigos, colegas que estão satisfeitos com o corpo e aumentaram a autoestima. E ele procura por isso também”, diz.
O representante comercial Thiago Fonseca, 39 anos, fez a primeira cirurgia aos 25. “Eu estava na academia há muito tempo, e tinha uma gordura na barriga que insistia em não sair”, narra. Fez uma lipoaspiração e retirou a fonte de tanta preocupação. Desde então, já fez outro procedimento, no nariz. E não pretende parar por aí.
“Me divorciei recentemente, queria aumentar minha autoestima. Já penso em fazer outra lipo, pois a minha barriga já não tem mais o “tanquinho”, como antes. E ainda tem a pressão dos amigos, né. Todos estão com saúde em dia, o corpo bem cuidado. Não posso ficar para trás”, brinca Thiago.
Outro fator importante que motiva a procura dos homens por cirurgias plásticas é o aumento na expectativa de vida. Eles passaram a se aposentar mais tarde, e procuram uma inserção no mercado de trabalho mesmo após os 60 anos. As intervenções estéticas ajudam também a encarar melhor a vida pós-divórcio, por exemplo. Muitos homens procuram os consultórios para renovar a aparência na busca por uma nova parceira.
“São homens mais experientes que narram preconceitos sofridos no mercado de trabalho, como acharem que eles não têm preparo para aguentar uma rotina pesada. Pedem uma aparência mais jovem, menos cansada. E isso facilita também para encontrar uma namorada, ter uma vida diferente após anos de casamento”, conta o cirurgião Sérgio Morum.
De acordo com a SBCP, a procura por cirurgias plásticas começa cedo, aos 16 anos, quando predominam as cirurgias de ginecomastia (retirada de parte das mamas), e correção das orelhas de abano. A partir dos 30, a preocupação com o peso aumenta, e aparecem as lipoaspirações. Os mais velhos recorrem a cirurgias que corrigem marcas do tempo, como botox e elevação das pálpebras.
