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Brasil

5G sofre atraso e vai estrear no RJ na próxima semana, diz Anatel

Os aparelhos hoje exibem o sinal do 5G na tela, mas em grande parte eles funcionam na rede DSS ou na 5G não-standalone

FolhaPress

09/08/2022 13h57

Julio Wiziack
Brasília, DF

O grupo da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que coordena a instalação do 5G no país adiou para terça-feira (16) o início da prestação do novo serviço de telefonia celular no Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO), Salvador (BA) e Curitiba (PR).

O sinal de quinta geração deveria ser liberado nessas capitais nesta quinta-feira (11), no entanto, houve um pequeno atraso nos testes a serem realizados nessas cidades e, por isso, o conselheiro da Anatel Moisés Moreira, que preside o comitê do 5G (o chamado Gaispi), decidiu dar mais uns dias para a liberação do sinal nessas cidades.

“Os testes estão sendo realizados hoje”, disse Moreira à Folha.

O 5G funciona na faixa de frequência de 3,5 GHz (Gigahertz), que vinha sendo ocupada pelas empresas de satélite. Frequência é uma avenida no ar por onde as teles fazem trafegar seus sinais. Fora delas, ocorrem interferências.

Com a desocupação da faixa de 3,5 GHz, as teles têm de instalar filtros nas antenas de celular e nas antenas parabólicas, equipamentos que captavam os sinais emitidos nessa frequência e que, a partir de agora, funcionarão em outra faixa. Esse processo vem sendo chamado pelos técnicos da agência de “limpeza”.

Para a liberação do sinal pela Anatel, as empresas precisam se submeter a testes feitos pelos técnicos da agência que, após esse procedimento, enviam um relatório ao Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência).

Caso os resultados sejam positivos, Moreira convoca uma reunião do Gaispi, que dá aval para o início da operação comercial. No dia seguinte, a Anatel emite boletos para que as empresas paguem taxas e o serviço passa a ser prestado no dia seguinte.

O 5G começou no país em 6 de julho por Brasília. Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e João Pessoa (PB) já têm o serviço desde o último dia 29 de julho. São Paulo estreou com a nova tecnologia no início de agosto.

Pelo plano original da Anatel, todas as 27 capitais deveriam ter o serviço em funcionamento em julho.

No entanto, o cronograma foi adiado por dois meses devido à falta de equipamentos vindos da China, que foi obrigada a decretar lockdown com uma nova onda da pandemia.

Os equipamentos vindos da China são filtros que evitam interferências. Por isso, a agência concedeu prazo até o final de setembro para que todas as capitais tenham antenas de 5G.

Por isso, a agência concedeu prazo até o final de setembro para que todas as capitais tenham antenas de 5G. A meta definida é de uma antena a cada cem mil habitantes por operadora.

Os equipamentos vindos da China são filtros, fundamentais para evitar interferências na faixa de 3,5 GHz, que vinha sendo ocupada por empresas de satélite.

Apesar do contratempo, as operadoras que conseguirem comprovar a limpeza da faixa (com a instalação dos filtros) para o Gaispi podem pleitear o início da operação antes de setembro.

ANATEL SÓ VAI EXIGIR QUALIDADE APÓS SETEMBRO

Apesar do interesse pelo novo serviço, as operadoras ainda patinam no início da prestação do serviço e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda não pode enquadrá-las pela qualidade.

Todas anunciam pacotes 5G, mas simplesmente migraram os clientes de um serviço para outro por meio das redes de quarta geração, que simulam a velocidade do 5G, ou nas redes novas que ainda não operam o “5G puro”.

Em Brasília, por exemplo, o serviço segue instável e com as velocidades prometidas oscilando e, muitas vezes, se equiparando às do 4G devido à falta de cobertura na capital.

A Superintendência de Cumprimento de Obrigações da Anatel já está monitorando essa situação e, a partir de setembro, quando todas as capitais deverão ter as redes 5G instaladas, passará a exigir qualidade na prestação do serviço.

Isso porque, segundo os técnicos da agência, nenhuma operadora vendeu um chip 5G. O serviço vem sendo prestado nos chips de quarta geração instalados em aparelhos que recebem o sinal na frequência de 3,5 GHz (gigahertz).

Frequências são avenidas por onde as teles fazem trafegar seus sinais. Fora delas ocorrem interferências.

Os entraves técnicos dão margem para que, na prática, os usuários usem um serviço que não chega ao potencial prometido pelo 5G.

Isso ocorre porque, em boa parte, existem poucos modelos de telefones que funcionam hoje com a tecnologia chamada de “standalone”, a do “5G puro”.

Na rede standalone, o tempo de resposta para o celular receber os dados é inferior a 1 milissegundo –tempo conhecido como latência. O “não-standalone” oferece latência maior.

Além das redes standalone e não-standalone, há as chamadas redes DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, na sigla em ingês), que simulam a velocidade do 5G -mas por antenas de 4G. A latência também é maior que a do 5G.

Muitos aparelhos precisam ter seus chips trocados para usar o 5G puro, como o iPhone. A Apple já avisou a Anatel que seus aparelhos precisam de chips 5G para funcionarem em standalone.

No entanto, há falta de chips de quinta geração no mercado. Por isso, segundo os fabricantes, as teles ainda não lançaram planos que operam realmente com o 5G -a única operadora que separou as redes com planos próprios para o 5G standalone foi a TIM.

Os aparelhos hoje exibem o sinal do 5G na tela, mas em grande parte eles funcionam na rede DSS -que simula a velocidade do 5G- ou na 5G não-standalone.

Dados preliminares em posse da Anatel indicam que, no caso da Apple, somente os modelos iPhone 13 (os mais recentes lançados pela empresa americana) permitirão o 5G puro. Eles devem ser homologados em novembro. Mesmo assim, a Apple terá de disponibilizar um software específico. Não há prazo previsto para o lançamento.

Já os modelos da Samsung e Motorola operam nas redes standalone sem necessidade de troca de chips. São eles: S21, S21Plus, S21Ultra, A52s, S21FE, A535G, A335G -todos da série Galaxy, da Samsung; Edge20, MotoG200, Edge300Pro, Edge30, MotoG82, da Motorola.

Os demais modelos da Apple, Samsung e Motorola vendidos como 5G só funcionam nas redes não-standalone.

Até a atualização dos aparelhos e a chegada dos chips 5G, a Anatel não tem como exigir o cumprimento da qualidade do serviço porque, ainda segundo relatos dos técnicos da agência, as operadoras não começaram a venda de planos exclusivos 5G (com chip novo).

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