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Arcabouços fiscais devem ter limites e garantir credibilidade, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, abriu uma apresentação apontado as origens da inflação mais persistente no mundo

Redação Jornal de Brasília

18/11/2022 12h56

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, abriu uma apresentação nesta sexta-feira, 18, na capital paulista, apontado as origens da inflação mais persistente no mundo. Segundo Campos Neto, embora o Brasil tenha investido em reformas nos últimos três anos, outros grandes países perderam apetite em realizar reformas estruturais, ao mesmo tempo em que as políticas monetárias e fiscais passaram a ser mais acionadas para sustentar as economias.

Durante evento promovido pela Bloomberg, ele pontuou que os economistas tiveram dificuldade em antecipar os efeitos da injeção de US$ 3 trilhões no mundo para resgatar a economia do impacto da pandemia, levando a uma migração da demanda para bens de consumo, com consequências na demanda por energia.

O presidente do BC sustentou que, ao mesmo tempo em que a inflação ainda merece atenção, os arcabouços fiscais deveriam ter limites para garantir a estabilidade, já que os países precisam agora pagar a conta da crise sanitária e suas consequências nas dívidas dos países. Os mercados, observou Campos Neto, estão agora interessados em saber qual o plano dos países para a convergência da dívida.

Precificação de Selic mais alta

Campos Neto disse ainda que a precificação de uma Selic mais alta pelo mercado se deve a incertezas fiscais. “É muito difícil para os mercados entender qual será o arcabouço fiscal à frente”, comentou, acrescentando que o ano deve fechar com números melhores do que o esperado nas contas públicas. “A fotografia do fiscal é boa, mas o problema é que grande parte dos programas está se tornando permanente.”

Sugerindo que seria importante uma coordenação de política monetária e fiscal neste estágio do ciclo, Campos Neto ponderou que o cenário do BC pode mudar a depender do que for decidido em relação ao arcabouço fiscal.

Depois de o Brasil ter sido “muito rápido”, segundo ele, na alta dos juros, Campos Neto afirmou que parte dos efeitos do aperto monetário vai acontecer no ano que vem. O presidente do BC comentou que a maior parte do alívio da inflação se deve a desonerações do governo, e mesmo com alguma melhora qualitativa da inflação no Brasil não há razão para celebrar neste momento.

Embora existam alguns sinais positivos na inflação de serviços subjacentes, Campos Neto reforçou a necessidade de o BC persistir no combate à inflação.

Estadão Conteúdo

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