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Souza Paiol é responsabilizada por manter 116 trabalhadores escravizados na colheita de palha

A jornada de trabalho começava às 5h e os trabalhadores não tinham direito a café da manhã. De acordo com eles, a primeira e única marmita chegava apenas às 11h

Redação Jornal de Brasília

26/10/2021 9h43

Foto: Grupo Especial de Fiscalização Móvel/Divulgação)

Do último dia 13 até quarta-feira (20), 116 trabalhadores da empresa Souza Paiol foram resgatados de condições análogas à escravidão. A maior fabricante de cigarros de palha do Brasil foi surpreendida durante uma fiscalização trabalhista em uma fazenda em Água Fria de Goiás (GO), a 140 quilômetros de Brasília, de acordo com o site Repórter Brasil.

“Não tinham nenhum direito trabalhista, dormiam em alojamentos péssimos, não recebiam equipamentos de proteção individual e o motorista do ônibus que os levava para a colheita não era habilitado”, disse o auditor-fiscal do trabalho, Marcelo Campos.

Conforme o Repórter Brasil, entre os trabalhadores estavam cinco adolescentes, sendo um de apenas 13 anos. A Constituição proíbe trabalho abaixo de 14 anos, especialmente em atividades exaustivas como a separação de palha.

A jornada de trabalho começava às 5h e os trabalhadores não tinham direito a café da manhã. De acordo com eles, a primeira e única marmita chegava apenas às 11h.

Os funcionários improvisavam fogareiros para cozinhar dentro dos alojamentos, que não era arejado e cheio de goteiras. A maioria dormia em redes e colchões no chão.

Em plena pandemia, os trabalhadores não receberam itens de higiene básicos, como sabão ou papel higiênico e dividiam uma mesma garrafa de água. “Se ficassem doentes e não trabalhassem, era descontado R$ 15 pela marmita”, destacou Campos.

“Eles não recebiam luvas e nenhum equipamento de proteção individual. Como o movimento para separar a palha é muito rápido e repetitivo, os trabalhadores usam fitas nos dedos para diminuir as feridas”, explicou o auditor.

Posicionamento da Souza Paiol

Os 116 trabalhadores receberam as indenizações, pagas pela Souza Paiol, que somadas chegam a R$ 900 mil. Procurado pelo Repórter Brasil, o empresário José Haroldo de Vasconcelos, dono da Souza Paiol, disse que os funcionários resgatados não trabalhavam para ele e que são terceirizados.

“Eles vendem palha para mim como vendem para outras fábricas de cigarro de palha […] “A responsabilidade é de quem contrata essas pessoas”, disse o empresário.

Já vem de antes

Além de ser flagrado com trabalhadores em condições análogas à escravidão, Vasconcelos foi alvo de uma operação do Ministério Público de Minas Gerais e da Receita Estadual, que o acusou de sonegação fiscal e de não ter pago cerca de R$ 20 milhões em tributos.

O empresário disse que assumiu a dívida, negociou com a Receita Estadual e está pagando as parcelas do montante sonegado.

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