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Por coronavírus, jovem sofre racismo por ser de descendência asiática

A jovem pediu para que a empresa não desligasse a mulher responsável pela agressão após pedido de desculpas

Redação Jornal de Brasília

24/03/2020 15h50

A jovem Fernanda Yumi Tagashira, de 19 anos, sofreu forte preconceito por ser de origem asiática. Uma colega de trabalho passou a chamar ela de “coronavírus” após os acontecimentos por conta da Covid-19 no mundo. Não satisfeita a mulher ainda borrifou álcool na cara de Yumi. 

Fernanda Yumi tem um mês no novo trabalho e os preconceitos começaram há um mês. A mulher, sempre com tom de deboche, perguntou diversas vezes sobre o sobrenome da jovem e fez trocadilhos. 

Yumi, que tem família brasileira e bisavó japonesa, disse que é uma atitude comum “Eu não falei nada porque não é a primeira vez que fazem isso com meu sobrenome e pensei que era só mais uma pessoa infeliz”, afirmou.

A jovem foi designada a trabalhar, na última terça-feira (17), com a colega que zombava de sua cara. “Ela sentou do meu lado e não disse meu nome, disse ‘tô com a coronavírus hoje, vou ajudar a coronavírus’”, relatou.

A jovem com descendência japonesa explicou que a situação ficou ruim porque, por ter rinite, ela espirrou. De imediato, então, a mulher insinuou que ela tinha coronavírus. 

Sem a disponibilidade de álcool em gel no mercado, o trabalho das duas comprou álcool líquido e colocou em borrifadores para a higiene dos funcionários. Após o horário de almoço, Yumi voltou e viu a mulher com o borrifador na mão. Ela deixou o local uma vez mais e, ao retornar, levou uma borrifada de álcool na cara. “Entrou no meu olho, ficou ardendo e meu rosto ardeu também”, disse.

Yumi não conseguiu ver quem havia agredido ela, mas já sabia quem tinha tomado tal atitude. Quando ela reclamou a colega explicou que não queria acertar seu rosto.  

Mas a jovem só percebeu o problema quando chegou em casa e relatou o que tinha acontecido para sua mão. “Comecei a chorar. Eu não deveria ter ficado quieta. Ela não fala meu nome, ela me chama de coronavírus e eu não sou um vírus, não sou uma doença”, desabafa.

A empresa da jovem disse que demitiria a mulher e ajudaria Yumi em um processo por injúria racial. 

Acontece que, antes de Yumi levar o processo à diante a mulher pediu desculpas e a jovem, por isso, pediu para que a empresa não a desligasse. 

“Fiquei muito feliz, porque não achei que eles iam me dar todo esse apoio”, explicou. A mulher conversou com superiores da empresa e com a própria Yumi. “Falei para ela que não queria que ela fosse mandada embora porque ela pediu desculpas e ela parecia estar disposta a evoluir. Mas precisa repensar as atitudes. A empresa deixou claro que o que ela fez é racismo, e racismo é crime.”

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