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Polícia investiga suspeita de racismo durante discussão em lanchonete no RJ

Vídeos gravados por ele e por outros clientes da lanchonete mostram Amanda Queiroz Ornela dizendo que não gosta de pessoas negras

Redação Jornal de Brasília

01/08/2023 20h26

Foto: Reprodução

YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A Polícia Civil investiga suspeita de racismo de uma mulher contra um jovem negro, durante uma discussão em uma unidade do McDonald’s em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. O episódio ocorreu na madrugada desta segunda-feira (31).

As falas delas foram dirigidas a Mattheus Gomes dos Santos da Silva Francisco, 22. Vídeos gravados por ele e por outros clientes da lanchonete mostram Amanda Queiroz Ornela dizendo que não gosta de pessoas negras e que racismo não dá cadeia. “Odeio preto, sou obrigada?”, diz ela em um dos vídeos.

Ela afirmou ser médica e casada com um miliciano, filho de um antigo líder do tráfico de drogas na zona oeste. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) não identificou nenhum registro de Amanda no sistema. A polícia não confirmou a relação conjugal de Amanda.

Procurada pela reportagem por mensagem e ligação, Amanda não respondeu. Em depoimento, ela negou o fato em um primeiro momento e depois manifestou o desejo de ficar em silêncio, segundo a Polícia Civil.

Francisco disse que não poderia atender a reportagem por estar em horário de trabalho. Ele prestou depoimento nesta segunda (31).

Namorado dele, Yan Freire, 21, estava em casa quando soube do episódio.

“Ele está abalado não só pelo racismo que sofreu, mas pelo que ela falou durante a discussão. Ele pensou no que ela poderia fazer, já que disse tantas vezes que era mulher de miliciano.”

Testemunhas afirmam que a briga começou quando Amanda foi ao balcão de retirada e Mattheus, junto com um amigo, dirigiu-se ao caixa para fazer o pedido. Amanda teria acusado a dupla de ter furado a fila.

A empresária Giovana Canedo, que estava na lanchonete durante o episódio, disse que a mulher empurrou Mattheus e começou a dizer frases de cunho racista.

“Ela disse: ‘você é preto, seus filhos serão favelados, nunca serão médicas, como eu'”, diz Giovana.

“Eu me envolvi na situação a chamando de racista. Ela gritou comigo e falou: ‘odeio preto, você também nunca vai ser nada’. No primeiro momento, meu sentimento foi de pura revolta. Eu queria justiça de alguma forma. Depois, foi de impunidade. As pessoas destilam seus ódios e nada acontece”, completa a testemunha.

Durante a discussão, clientes da lanchonete avisaram Amanda de que as falas estavam sendo registradas em vídeo. Ela disse que “não daria em nada” e afirmou ser casada com o filho de Jorge Alexandre Cândido Faria, o Sombra, apontado pela polícia como um dos líderes do tráfico na comunidade Vila Kennedy no início da década de 2000.

“Eu sou casada com o filho do Sombra, amada. Não dá em nada. Sombra é o dono da Vila Kennedy”, diz Amanda, que depois afirma ser casada com um miliciano.

Giovana chamou a mãe, que é advogada, e ligou para a polícia. Elas e outros clientes impediram que a suspeita saísse do estabelecimento até a chegada dos agentes.

Amanda e Mattheus foram levados à delegacia do bairro, a 35ª DP (Campo Grande). Na porta da unidade policial, Amanda voltou a dizer que era médica.

A Polícia Civil afirmou que as investigações estão em andamento. Funcionários da lanchonete serão ouvidos nesta semana, e imagens de câmeras de segurança do local foram solicitadas. A polícia entendeu que não houve flagrante e, por isso, Amanda responde em liberdade.

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