A Polícia Civil de São Paulo realizou, nesta quinta-feira (4), uma das maiores operações recentes de combate à lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado.
Batizada de Operação Falso Mercúrio, a ação bloqueou R$ 6 bilhões em contas bancárias e apreendeu mais de 250 veículos, incluindo automóveis de luxo como modelos Porsche. Também foram sequestrados 49 imóveis e três embarcações, que somam quase R$ 20 milhões em patrimônio.
Por determinação judicial, o bloqueio atingiu 20 pessoas físicas e 37 empresas investigadas por integrar um sofisticado esquema de movimentação de recursos ilícitos.
Cerca de cem policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) participaram da ofensiva, que cumpriu 48 mandados de busca e apreensão na capital e na Grande São Paulo. Embora mandados de prisão tenham sido expedidos, nenhum dos alvos foi detido, e todos são considerados foragidos.
Estrutura da lavagem de dinheiro
De acordo com as investigações, o grupo funcionava como uma espécie de organização paralela dedicada exclusivamente à lavagem de capitais do PCC. Apesar de atuar em benefício da facção criminosa, a rede operava de forma independente, com aparência de empresa formal.
O dinheiro de origem ilícita era distribuído a 49 empresas de variados ramos, entre elas padarias, concessionárias e fintechs, como forma de simular receitas legítimas e diluir a origem dos recursos.
A Polícia Civil identificou três núcleos operacionais:
- Coletores: responsáveis por recolher o dinheiro vindo das atividades criminosas;
- Intermediários: encarregados de movimentar, ocultar e redistribuir os valores;
- Beneficiários finais: que recebiam os recursos já “legalizados” no sistema financeiro.
Conexão com caso de execução em aeroporto
Durante as investigações, a Polícia Civil identificou repasses financeiros feitos por duas empresas investigadas para Matheus Augusto de Castro Mota e Kauê do Amaral Coelho. Este último, conhecido como “olheiro do PCC”, é apontado como suspeito de envolvimento direto na execução do empresário Antônio Vinicius Gritzbach, assassinado dentro de um hangar de aeroporto em São Paulo.
Segundo os investigadores, Kauê teria sido responsável por alertar os executores sobre o momento exato da chegada da vítima. Logo após o crime, Matheus teria ajudado o suspeito a fugir.