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No México, crime organizado disputa o comércio de abacate

Nove corpos estavam pendurados seminus em uma ponte. Inicialmente, havia a suspeita de que os assassinatos tinham ocorrido por disputa de gangues de drogas

Redação Jornal de Brasília

31/12/2019 8h46

O abacate está se tornando a mais nova frente de conflito entre cartéis mexicanos. Segundo estudo da consultoria britânica Verisk Maplecroft, publicado ontem pelo jornal The Guardian, o “ouro verde” é responsável pela morte de 19 pessoas mutiladas na cidade de Uruapan, no Estado de Michoacán, em agosto.

Nove corpos estavam pendurados seminus em uma ponte. Inicialmente, havia a suspeita de que os assassinatos tinham ocorrido em razão de uma disputa de gangues de drogas. No entanto, a chacina, promovida pelo cartel Jalisco Nueva Generación, ocorreu pelo domínio do comércio local de abacate.

O México é o maior produtor de abacate do mundo, especialmente a variedade conhecida como avocado. As exportações renderam US$ 2,4 bilhões no ano passado. O boom vem do crescimento da demanda na China, que aumentou seu consumo mil vezes entre 2011 e 2017. A rentabilidade também favorece. A fruta rende ao agricultor mexicano até 12 vezes o salário mínimo. Mas há ainda uma razão mais prosaica: a lavagem de dinheiro.

Segundo Alfonso Partida Caballero, especialista em segurança pública da Universidade Autônoma de Guadalajara, o comércio é quase todo em dinheiro vivo e, para plantar o produto, não é necessária autorização de ninguém. “O Estado não tem nenhum controle. O dinheiro do crime organizado em Michoacán é todo semeado em abacate. Se o traficante planta mil árvores ou 10 mil, se colhe uma ou 10 toneladas, quem controla?”

Diversificação

O crescimento da indústria do abacate também vem às custas do trabalho escravo, infantil, além do desmatamento de florestas protegidas e da deterioração dos lençóis freáticos. “Em Michoacán, o abacate fornece a renda diversificada que os cartéis obtêm com o roubo de combustível em outras partes do México”, disse Christian Wagner, analista da Verisk Maplecroft.

De acordo com Falko Ernst, analista do International Crisis Group, o abacate faz parte do portfólio do s cartéis do México há décadas. “Mas não é apenas o abacate. O crime organizado mexicano há muito tempo vem diversificando suas receitas”, disse “Quando você controla um território, explora qualquer commodity disponível: limão, mamão, morango, além de extração de madeira e mineração ilegal.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Estadão Conteúdo

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