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Menina com síndrome que a faz xingar ‘sem querer’ implora ajuda e viraliza na web

Com 15 anos, a estudante Victoria é obrigada não só a lidar com os dilemas comuns aos adolescentes, mas também com Síndrome de Tourette

Redação Jornal de Brasília

08/08/2022 8h25

Foto: Arquivo Pessoal

Com apenas 15 anos, a estudante Victoria Nobre Fernandes é obrigada não só a lidar com os dilemas comuns aos adolescentes, mas também com Síndrome de Tourette, condição descoberta em setembro do ano passado e que, de forma involuntária, a faz emitir sons, palavras e xingamentos.

No caso da garota, ainda há os tiques, movimentos e gestos corporais que não consegue controlar e que por muitas vezes a machucam.

“Não posso pegar em faca, não posso estudar direito, não posso lavar a louça, pegar em prato e segurar as coisas, porque eu as jogo”, contou a menina moradora Guarujá, no litoral de São Paulo, que viralizou em um vídeo no TikTok ao pedir para que as pessoas compartilhassem a publicação, que teve mais de três milhões de visualizações, e onde explica o que é a Síndrome de Tourette.

Segundo a jovem, o objetivo dela com a exposição dos vídeos é justamente tentar normalizar a síndrome, e mostrar às pessoas que ela não emite sons, xinga ou faz gestos porque quer, mas que essa é uma condição da tourette.

A mãe da adolescente, Lucineide Nobre Bispo, de 57 anos, relata que precisou largar o emprego para cuidar da filha e da mãe acamada. Para ela, as redes sociais ajudam a jovem, que é incentivada por muitos seguidores. Ao mesmo tempo, conta como é difícil ver os poucos que ofendem a filha.

Lucineide fala da luta diária de ambas e das dores psicológicas causadas pela tourette.

Descoberta

Victoria contou que os alertas sobre os tiques foram feitos por uma professora. A princípio, a adolescente acreditou que tinha relação com a ansiedade, pois se considera uma pessoa muito ansiosa.

Entretanto, quando foi tomar a dose de reforço da vacina contra a covid-19, uma enfermeira perguntou se ela acompanhava aqueles sintomas, no caso, os tiques. Ela disse não e a profissional agendou uma consulta com um médico clínico geral, que a encaminhou para uma neurologista. Foi quando veio a indicação de que poderia ser Síndrome de Tourette.

A menina passou por exames e nenhum problema foi detectado. Esta síndrome, inclusive, é diagnosticada pelo neurologista, com base nos sintomas.

Victoria conta que sempre que uma palavra ou som fica na cabeça, costuma repeti-la. Desde que recebeu a indicação de que tem a síndrome, a adolescente é medicada para controlar os impulsos involuntários.

Síndrome de Tourette

O médico neurologista Edson Amâncio explicou que a síndrome geralmente se manifesta na adolescência e não é notada em nenhum exame neurológico. Portanto, o diagnóstico é clínico, como citado acima. Após a descoberta, deve ser iniciado tratamento com medicação e, segundo ele, com psicoterapia, opção que traz ótimos resultados.

Segundo ele, a síndrome se caracteriza por “tiques motores, gritos inarticulados, acompanhados de palavras articuladas, com ecolalia [repetição de palavras] e coprolalia [palavras de cunho sexual, por exemplo]”.

Amâncio ressalta que a síndrome pode ser confundida com transtorno compulsivo obsessivo, mas aponta serem diferentes. Ele disse ainda que muitos tiques podem ser ocasionados pela síndrome, mas não ganham destaque por a condição ser geralmente atrelada aos quadros onde as pessoas xingam, falam alto e fazem gestos.

O que pode ocasionar

“Outras comorbidades acompanham a Síndrome de Tourette, como a ansiedade exagerada, estresse, então não é uma coisa muito simples de definir”, disse o médico, que acrescentou a possibilidade da hereditariedade, ou seja, de a questão ser genética, biológica.

Os tiques motores, segundo ele, envolvem encolhimento do ombro, piscar, fazer careta, produzir sons como gritinhos, pigarro, fungada – são tiques frequentes e mais brandos.

Tratamento

Amâncio ressalta que hoje há medicação disponível e específica que podem cuidar muito bem dos tiques. Assim como a psicoterapia.

“Hoje os recursos terapêuticos são muito avançados. Pode ser que você amenize nos casos mais graves, mas nos mais leves você consegue dominar completamente. É questão de acertar a medicação”, finaliza.

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