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Matança de animais silvestres é exposta em comunidades de caça na internet

Após a publicação de diversos decretos que reduziram as restrições aplicadas à caça de animais silvestres, várias comunidades foram criadas no YouTube e no Facebook

Redação Jornal de Brasília

16/06/2020 8h26

Após a publicação de diversos decretos que reduziram as restrições aplicadas à caça de animais silvestres, várias comunidades foram criadas com o intuito de compartilhar cenas de caçadas e dicas sobre a atividade. No entanto, as medidas não alteraram o status, de crime, para a atividade. 

Os colecionadores de armas, atiradores esportivos e caçadores, conhecido pela sigla CACs, têm tido mais liberdade de exercer e ostentar atividades de caça em redes sociais. A caça de animais silvestres é crime no Brasil, exceto quando praticada por comunidades que dependem dela para sobreviver, como povos indígenas e quilombolas. O javali, espécie exótica e que ameaça o ecossistema local, é o único animal cuja caça é permitida no Brasil.

De acordo com a apuração realizada pela BBC News Brasil, um grupo utilizado para compartilhar imagens das caças possui 74 mil membros de todas as regiões do Brasil. Intitulado de “Caçadores de paca”, a comunidade é descrita como local de “troca de informações sobre a espera de paca”. O animal é um roedor nativo das Américas e possui status de animal silvestre. Além dos caçadores de pacas, há no grupo caçadores de várias outros animais silvestres.

Muitas das fotos e vídeos expostos nas redes sociais, nos grupos em questão, flagram caçadores com os rostos à mostra, enquanto exibem os animais caçados. Alguns registros são feitos através de câmeras acopladas nas armas dos caçadores. Uma parte dessas caçadas é feita com o auxílio de cachorros.

Outra prática bastante comum é o de espalhar alimentos em regiões de mata, para que os animais sejam atraídos e posteriormente abatidos. Os grupos também compartilham informações acerca de armas utilizadas nas caças. Boa parte desses equipamentos custam milhares de reais,

Nos últimos dois anos, os caçadores de animais silvestres criaram alguns canais no YouTube, entre eles:  “FAL CAÇADOR”, “só do mato caçador”, “Caçadores Anônimos” e “Pedrinho caçador sniper”

O criador do canal “Alemão CAÇADOR!” não exibe o rosto durante seus vídeos. O homem dá várias dicas sobre a caça de animais silvestres e defende a atividade. 

No entanto, muitos integrantes desses grupos limitam a atividade através de mensagens que condenam a caça de determinadas espécies. 

Foto: Reprodução/Facebook

Um dos vídeos, em que um caçador decide deixar uma anta e seu filhote passarem sem serem alvejados, recebeu vários elogios dos internautas.

Após ser comunicado da existência desses grupos, a rede social Facebook excluiu o grupo “Caçadores de paca” por violar os padrões da comunidade, ao retratar cenas que promovem a violência.

O YouTube manteve todos os canais de caçadores, por alegar ser uma plataforma de vídeo aberta com liberdade de compartilhamento de conteúdo. No entanto, a empresa afirma que todo conteúdo está sujeito a revisão de acordo com as diretrizes da comunidade.

O Ibama afirma “que a exposição de conteúdos relacionados à caça de animais silvestres no YouTube e Facebook tem forte impacto negativo para a preservação ambiental, pois estimula a caça ilegal”.

“Cotidianamente, o órgão acompanha as denúncias presentes nas redes sociais e atua com base nelas, investigando os responsáveis”, finalizou.

 
 

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