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“Malha na língua”: técnica arriscada de emagrecimento atrai brasileiros

Clínicas do Paraguai colocam o item na língua dos pacientes para que eles só bebam água para acabar emagrecendo à força

Willian Matos

28/11/2019 10h50

Da redação
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Nos últimos meses, clínicas do Paraguai tem atraído brasileiros (em especial sul-mato-grossenses) que querem emagrecer rapidamente. Consiste em uma malla (malha — espécie de tela) costurada na língua que faz com que a pessoa só se alimente com líquidos.

Não reconhecida no Brasil, a técnica é mais uma das “loucuras” feitas para emagrecer, de acordo com especialistas. O procedimento é arriscado e deixa o paciente vulnerável a infecção, compulsão alimentar e obesidade futura.

A modelo Susa Tirloni, de 24 anos, conta que aderiu à malla há pouco mais de um ano. Ela foi à cidade de Pedro Juan Caballero e gastou cerca de R$ 2 mil para implantar o item. “É como se fosse uma tela, uma rede que não te deixa ingerir nada sólido. É como se fosse uma bariátrica e aí, automaticamente, você vai emagrecer bem mais rápido que fazendo dieta ou tomando remédio, por exemplo”, afirma, ao G1. “Depois de colocar a malha fiquei 40 dias de dieta somente com sopas e sucos. É algo que não tem como burlar”, prossegue.

Ela conta que o procedimento só é oferecido no Paraguai e no Canadá. “Por isso tanta gente vai para lá, eu acredito”. “São várias as restrições. Você precisa beber somente no seu copo. E, se acontecer da malha sair do lugar, precisa voltar lá”, comenta.

Perigos

Segundo a médica Paula Santiago, de 34 anos, dietas como essa são arriscados. “A dieta fica restritiva demais e a possibilidade de voltar ao peso novamente é grande. Além disso, é possível que a pessoa tenha uma compulsão alimentar ou então desenvolva a obesidade”, disse.

“Teve gente que chegou falando que estava fazendo a dieta da sopa, da lua, de 8 maçãs por dia… eu também soube da malha na língua, além de casos de pessoas que colocaram sondas para ingerir somente líquidos. Nosso trabalho é preventivo, é necessário entender a fisiologia do paciente, o metabolismo. No meu caso, por exemplo, a medicação é a última medida da dieta”, explicou.

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) afirma que as entidades responsáveis não reconhecem a eficácia do procedimento de tela na língua, já que pode causar prejuízos à saúde do paciente. Desta forma, o CRM/MS recomenda que médicos não a pratiquem, podendo estar sujeitos a esclarecimentos por infração ao código de ética médica.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não legisla sobre nenhum procedimento neste sentido, uma vez que a regulação, nestes casos, é feitas pelos conselhos das categorias profissionais. Além disso, por se tratar de algo realizado no exterior, a agência não realiza ações sobre a dieta da “malla”. Diz, também, não ter conhecimentos de clínicas que façam o procedimento no Brasil.

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