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Jovem apelidado de ‘monstro’ e ‘babão’ passa por cirurgia e aprenderá a falar

Dentistas voluntários conseguiram realizar duas cirurgias para ajudar o jovem 

Redação Jornal de Brasília

07/11/2019 9h46

Da redação
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O jovem Cleiton Bezerra, desde pequeno teve uma vida marcada por preconceito por conta da aparência dele. O homem que tem uma má formação muscular e esquelética, nunca conseguiu fechar a boca, falar ou comer direito. Com ajuda de dentistas e o esforço de voluntários, aos 25 anos, ele realizou uma cirurgia para corrigir o problema. 

Apesar dos problemas físicos, Cleiton nunca teve dificuldades cognitivas. Apesar disso, por conta das limitações, só conseguiu concluir os estudos em uma escola de educação especial. Essas dificuldades também refletiam na vida social dele. Por conta da aparência, ele nunca conseguiu namorar ou ter um emprego fixo. O jovem é morador de Cubatão-SP. 

Cleiton passou por muitos episódios de discriminação. “Ele sofre muito preconceito. Ele baba e o rosto dele é diferente. Devido à boca, o chamam de babão e monstro. Até quando ele pega ônibus tem gente que não senta do lado dele por medo ou nojo”, relatou o amigo Maiko Santana.

O dentista Marcelo Quintela e o cirurgião buco-maxilofacial Alessandro Silva souberam do caso do jovem e resolveram ajudá-lo por meio do projeto Corrente do Bem. Os profissionais realizam, de forma voluntária, cirurgias e tratamentos e, assim, conseguem melhorar a vida de pessoas com problemas odontológicos e faciais.

De acordo com os dentistas, a deficiência muscular e esquelética ocasionou um crescimento vertical dos ossos da face. Os maxilares cresceram tanto que não comportam a parte óssea, dentária e gengival, por isso, ele não consegue fechar a boca. 

Cleiton iniciou o tratamento gratuito na clínica odontológica da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). Em julho de 2018, após doações e arrecadação de dinheiro para o pagamento de despesas, ele passou por uma palatoplastia, que visa a reconstrução do palato, divisão óssea e muscular entre as cavidades oral e nasal.

O procedimento foi realizado com sucesso no centro cirúrgico do Hospital Vitória, em Santos. A previsão era que a segunda operação, bem mais complexa que a primeira, acontecesse em 40 dias. O plano de saúde, porém, não aprovou a compra das próteses. A família entrou com uma liminar na Justiça e, depois de meses, o convênio foi obrigado a comprar os materiais.

A operação durou cerca de seis horas. Os dentistas cortaram e reposicionaram os ossos do jovem. A cirurgia ortognática foi realizada em outubro, no hospital Alvorada, em São Paulo. 

Duas próteses de titânio foram implantadas próxima a região do ouvido. Como os ossos de Cleiton são frágeis, os dentistas temiam que eles não suportassem a mudança de posição e pudessem quebrar. Por isso, as próteses foram colocadas para atuar como articulações metálicas, garantindo que o jovem possa comer qualquer tipo de alimento. Elas são feitas de titânio e biocompatíveis com o tecido ósseo e gengival, ou seja, se adaptam ao organismo e não necessitam serem trocadas com o passar do tempo.

Após a cirurgia, Cleiton passou dois dias internado antes de receber alta. De acordo com o dentista, ele permanece com a ‘boca travada’. O próximo passo será ensinar ele a falar. Por conta da má formação, ele apenas emitia alguns sons por não conseguir fechar a boca.  Os dentistas estão buscando fisioterapeutas e fonoaudiológicos que possam atuar, de forma voluntária, e ajudar Cleiton nesta nova etapa.

Ainda em recuperação, Cleiton permanece em repouso em casa e com o acompanhamento de uma nutricionista, já que perdeu peso após a cirurgia e mantém uma dieta a base de líquidos. Apesar de ainda estar com o rosto inchado, ele diz que está se recuperando bem e conta que já sente significativas mudanças.

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