Menu
Na Hora H!

Homem é morto pela polícia após ir fazer doação de cesta básica

O corretor, que tinha dois filhos, morava em Mesquita, na Baixada Fluminense e comandava uma equipe de 250 pessoas em sua empresa

Redação Jornal de Brasília

06/05/2020 17h15

No último dia 28 de Abril um corretor de imóveis do Rio de Janeiro foi morto a tiros, na Zona Norte da capital fluminense, após entregar uma cesta básica a um amigo que estava passando por dificuldades por conta do isolamento social em decorrência da pandemia de coronavírus. 

O homem, Leandro Rodrigues da Matta, de 40 anos foi baleado cerca de seis minutos após deixar a cesta básica na casa do amigo. 

O policial responsável pelos tiros, Bruno Bahia do Espírito Santo, disse que Leandro seria bandido, mas a versão dele tem incoerências. 

A esposa de Leandro, Ana Paula ficou indignada com o caso. “Tem muitas informações desencontradas. Uns falam que foi troca de tiros com a polícia. Mas que troca de tiros da polícia foi essa que só o meu marido foi alvejado?”, disse. 

O corretor, que tinha dois filhos, morava em Mesquita, na Baixada Fluminense e comandava uma equipe de 250 pessoas em sua empresa. Ele foi entregar a cesta básica pois estava preocupado com o colega em decorrência as quedas na venda de imóveis. 

O CEO da empresa, Delmo Simões Filho, explicou o porque da preocupação de Leandro “Os corretores só ganham quando produzem. E o Leandro, com a grande preocupação dele, comprou várias cestas básicas, identificou os corretores que estava precisando e ele ia pessoalmente entregar as cesta básicas na casa dos corretores”. 

Depoimento confuso 

O policial responsável pelos tiros, em primeiro depoimento à polícia, disse que por volta das 19h45 os agentes viram um carro na contramão na Rua Barão de Melgaço. O motorista do carro não obedeceu a ordem de parada dos policiais e um dos ocupantes do veículo desce do carro e abriu fogo contra a polícia. 

O motorista do carro então, tentou fugir de ré, mas acabou batendo em um muro. 

O caso passou a ser investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), onde o PM prestou novo depoimento e entrou em contradição. 

No segundo relato, ele disse que um dos bandidos atirou de dentro do carro enquanto o motorista tentava fugir. Bruno ainda disse que fez um único disparo, para se defender. 

Os policiais ainda levaram Leandro para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas ele morreu na emergência. 

Ao voltar ao local do crime, moradores da região disseram que os bandidos haviam fugido. 

Uma equipe da DHC foi ao local para periciar a cena. Segundo a Polícia Civil, bandidos armados atacaram os agentes,houve confronto e investigadores ficaram feridos. 

A região do crime é controlada por Álvaro Malaquias Santa Rosa, traficante conhecido como o Peixão da Cidade Alta. Ele está foragido. 

Agentes da polícia ainda voltaram mais uma vez ao local em busca de cameras que esclarecessem o caso. Além disso, o carro de Leandro também será periciado. 

Quanto ao PM, ele teve seu fuzil recolhido e enviado para perícia. O laudo do IML apontou que Bruno morreu com dois tiro no pescoço. 

OAB aponta versões diferentes 

Segundo a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) , que está acompanhando o caso, os depoimentos apresentam muitas lacunas e aponta para a mudança de versão. 

“Primeiro, diz que a pessoa que atirou estava dentro do carro, depois diz que ela saiu do carro. E tem que ser respondido também quem são esses “populares” que disseram que tinham comparsas, supostos comparsas do Leandro, que teriam fugido do carro”, apontou Rodrigo Mondego, procurador da comissão.

Viúva sem respostas 

A esposa de Leandro foi chamada para prestar depoimento na DHC.

Ana Paula ainda desabafou sobre a situação. “Eu preciso de justiça, eu preciso de resposta para dar aos meus filhos, de um homem que passava para os meus filhos que vale a pena fazer o bem. (…) Como é que eu falo hoje para uma criança de 9 anos de idade que o pai saiu pra fazer o bem e não voltou e morreu dessa forma?”, dasabafou. 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado