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Gestante é informada que bebê estava morto momentos antes do parto; marido alega negligência médica

Foram cerca de 12 horas de indução ao parto normal, antes que a bebê fosse retirada

Redação Jornal de Brasília

01/07/2020 8h05

Verônica Lima Serafim, de 26 anos, e o pedreiro Júnior Serafim da Silva, de 36 anos, se preparavam para a chegada da primeira filha, Maria Gabrielle, quando o sonho foi interrompido. O casal afirma ter sido vítima de descaso médico, já que ambos foram informados do óbito da criança apenas momentos antes do parto. Um dia antes, Verônica foi até a unidade hospitalar, mas foi orientada a voltar para casa.

O Portal G1 apurou o caso. Ao veículo, Júnior relatou que a mulher havia sentido fortes dores no domingo (28) e os dois foram até o Pronto Socorro, localizado em Bertioga-SP. Ao chegarem na unidade, Júnior foi orientado a aguardar do lado de fora, devido à pandemia do novo coronavírus. Verônica realizou uma cardiotocografia, procedimento para ouvir o coração do bebê, e ambos foram orientados a retornar na segunda-feira (29), às 8h, para a realização de um ultrassom. O casal foi até o local, no entanto, ao realizar o exame, a equipe médica apenas confirmou o óbito da criança.

De acordo com a Secretaria de Saúde, no dia 28 de junho a ginecologista responsável pelo atendimento avaliou que a paciente estava estável, pois não apresentava contrações ou dilatação. O exame de cardiotocografia também não teria apontado qualquer anormalidade. Dessa forma, a equipe verificou a necessidade da realização de um segundo exame e teria orientado o casal a retornar no dia seguinte.

Após ser notificado do óbito, o pedreiro relatou ter passado por momentos difíceis ao lado da esposa, que precisou dar à luz momentos depois de ter recebido a triste notícia. Júnior aguardou do lado de fora e só foi informado posteriormente. No entanto, após tomar ciência da morte da filha, o casal ainda precisou aguardar por atendimento. Foram cerca de 12 horas de indução ao parto normal, antes que a bebê fosse retirada.

“Ela morrendo de dor e eles incentivando o parto normal. Eu pedia para eles ‘pelo amor de Deus, minha esposa tá sofrendo, tira esse bebê dela’. Não vinha um médico ver, porque eles falaram que só tinha um obstetra para atender todas as gestantes. Na hora que o bebê saiu mesmo, não tinha médico acompanhando, só enfermeira, falaram que ele tava em outro parto e não tinha mais ninguém. Não somos lixo. Isso é brincar com a nossa humanidade”, disse Serafim ao Portal G1.

O obstetra Guilherme Pereira Martins afirmou que, em casos de óbitos, é preferível a realização do parto normal, pois ocorre menos sangramento e a chance de atonia (quando o útero não contrai no pós-parto) é menor. O procedimento também evitaria uma possível sequela, como a perda do útero.

“O parto normal garante um futuro obstétrico a paciente. E também vale lembrar que em se tratando de óbito fetal, a paciente pode fazer uso de analgésicos para alívio de dor que não poderia usar em caso se feito vivo, sendo assim, um parto normal é infinitamente melhor que uma cesárea nesses casos. É lógico que se houverem contra indicações para um parto normal, aí sim, seria indicado a cesárea. Pode acontecer da indução falhar e acabar numa cesárea, mas o parto normal é infinitamente mais benéfico para paciente”, explica Martins.

De acordo com uma tia de Verônica, houve negligência médica.

“Foi descaso, porque nem mediram a pressão ou a deixaram em observação nesse dia, sendo que ela já iria entrar em 41 semanas de gravidez”, afirmou Erika Wanessa Tavares Serafim, de 34 anos.

O caso está sendo investigado pela polícia da região.

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