A fisioterapeuta Mariana Carvalho, de 26 anos, foi diagnosticada com asma ainda na infância e tem procurado ajuda médica pelo menos uma vez ao ano, desde então. A patologia nunca foi um obstáculo para a profissional, que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de três hospitais cariocas. Entretanto, a pandemia do novo coronavírus representa um risco para a saúde de Mariana, que pretende continuar atuando no tratamento de pacientes com coronavírus.
A fisioterapeuta atua em uma UTI particular e em duas outras da rede pública. Por fazer parte do grupo de risco, Mariana poderia se afastar da função, para proteger a própria saúde, mas ela preferiu continuar na linha de frente, atuando nas três unidades. A fisioterapeuta exerce a chamada “ressuscitação cardiopulmonar” (RCP) dos pacientes que sofrem paradas cardiorrespiratórias, quadros recorrentes entre os casos mais graves de Covid-19.
“Alguém precisa fazer o trabalho e não temos pessoal o suficiente para poder escolher. Estou trabalhando por conta própria. Foi me dada a oportunidade, nos três empregos, de tirar uma licença por integrar o grupo de risco. Mas minha aspa nunca foi impeditivo para nada relacionado ao lazer. E nunca impediu meu trabalho, nem vai impedir agora”, declarou Mariana, ao jornal O Globo.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), um em cada seis médicos brasileiros fazem parte do grupo de risco. Muitos deles continuar atuando na profissão, para salvar vidas.
Mariana faz um apelo aos cariocas para que fiquem em casa. Ela relata que, ao ver as ruas cheias, a sensação é de impotência. Em uma postagem no Facebook, a fisioterapeuta relatou ter machucado as pernas enquanto tentava reanimar um paciente. A mensagem de Mariana chegou a quase 40 mil pessoas e foi compartilhada 30 mil vezes.
“A cada ciclo eu sentia minhas mãos afundarem o tórax do paciente enquanto eu pensava “volta, volta” e minhas pernas batiam na quina da grade da maca”, relatou a profissional de saúde.