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Filha da primeira vítima da Covid-19 em goiás não conseguiu se despedir da mãe

“Eu questiono por que não foi feito o exame na primeira vez em que levei minha mãe ao médico. Essa falha no sistema é muito grave”

Redação Jornal de Brasília

30/03/2020 14h15

Maria Souza, de 66 anos, começou a ter febre acompanhada de um tosse insistente no dia 16 de março. Três dias depois ela esteve em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) onde foi diagnosticada com dengue e pneumonia, e liberada para ser tratada em casa. Mas, outros sintomas apareceram como dor no corpo e falta de ar.

Iara de Souza Meireles, de 45 anos, filha de Maria, então levou a mãe em hospital particular no dia 23. Lá, o médico disse que Maria Souza precisava ser internada por causa da dificuldade na respiração. Iara novamente leva a mãe para a UPA e a interna. No dia 25, Maria testa positivo para a covid-19. No dia seguinte, a mãe de Iara faleceu, de acordo com informações do Globo.

Maria Lopes de Souza, de 66 anos, foi a primeira pessoa morta pela Covid-19 em Goiás, na última quinta-feira, dia 26

“Eu questiono por que não foi feito o exame na primeira vez em que levei minha mãe ao médico. Essa falha no sistema é muito grave. Se tivessem feito o exame na primeira consulta, ela teria o resultado antes, a doença seria tratada, o quadro não teria se agravado e hoje ela estaria aqui”, lamentou Iara

Segundo a filha, assim que o resultado do exame saiu, Maria Souza foi transferida para Goiânia em uma ambulância. “Minha mãe estava consciente e não queria ser entubada, mas houve a necessidade. Então, eu só pude vê-la assim, não conversei mais com ela, não foi possível me despedir”, conta Iara

Maria Souza morreu na manhã seguinte e foi enterrada no mesmo dia. “Nós voltamos de Goiânia e passamos direto para o cemitério, rapidinho, somente eu, meu esposo e minhas filhas. Ficamos bem distantes do caixão, que estava lacrado. Tudo ocorreu em torno de dez minutos ou menos”, lamenta.

“Muitos acham as medidas de isolamento social um exagero. Na minha cidade mesmo essa questão vem sendo criticada e tem muita gente fazendo reuniões, festinhas, churrascos. Minha mãe e meu pai não faziam nada disso. Mesmo antes desse decreto, eles ficavam na chácara, isolados, e ainda assim contraíram o vírus. Então é importante respeitar o isolamento. Como vimos o sistema de saúde não está preparado. Meus pais passaram por hospital público e particular, e nenhum dos dois foi criterioso em relação a isso”, afirmou Iara.

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