Da redação
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Danilo Roberto Assis Arguelho, de 31 anos, estudante de medicina em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, precisava voltar ao Brasil e enfrentar mais de 600 quilômetros para chegar à fronteira. Em meio ao caos, com bloqueios nas estradas e protestos.
Danilo cursa o segundo semestre de medicina e teria uma prova para tentar a transferência em uma universidade, no Brasil, no último dia 17. Por isso, mesmo com a Bolívia vivendo uma enorme crise política, após o anúncio da reeleição de Evo Morales e a fronteira do país com o Brasil, fechada, ele e mais três amigas decidiram tentar seguir viagem.
A ideia dos amigos, no dia 10 de novembro, era ir para rodoviária, onde pegariam um ônibus até a fronteira e dali, seguiriam caminhos destintos. s. Danilo, Mireylle Gabriela Domingos Rodrígues Maurício, de 23 anos, Juliana Katiely Santos Souza, de 25 anos e Nilda Carolina Rolon Gamarra, de 27 anos, saíram de casa cedo, às três horas da manhã.
Os bloqueios na cidade, no entanto, começaram a atrapalhar a viagem. Os manifestantes, que pediam novas eleições no país, tomaram o município de Santa Cruz de La Sierra, base da oposição a Evo Morales.
Danilo conta que da cidade até a cidade vizinha, tiveram que pegar seis veículos diferentes. Depois, a cada 25 quilômetros tinha mais algum bloqueio. Ainda de acordo com o estudante, o nervosismo nos pontos de bloqueio era evidente. Para conseguirem atravessar esses pontos,além da troca de veículos e das passagens pelo meio dos manifestantes a pé, os amigos ainda tiveram que pagar uma espécie de ‘pedágio’, de 10 bolivianos, a moeda corrente do país.
O caminho até a fronteira continuou com percalços. Segundo Danilo, os estudantes passaram por incontáveis bloqueios, caminhando por trechos de mais de 500 metros na lama, barro e chuva. Ainda assim, as cidades bolivianas foram ficando para trás. Em Águas Calientes, os amigos pararam para almoçar em uma pensão na beira da estrada. Depois, passaram por Limonzito e Roboré, até pegarem outro carro para chegarem em Porto Quijarro, cidade que faz divisa com Corumbá, em Mato Grosso do Sul. No total, eles pegaram 5 mototáxis e 20 carros, entre caronas e vans.
Assim que os estudantes chegaram em Porto Quijarro, uma surpresa: o então presidente Evo Morales havia anunciado sua renúncia. Como a tensão dos manifestantes bolivianos acabou virando festa, Danilo afirma que a passagem na fronteira foi a mais tranquila de toda a viagem, que durou mais de 14 horas – o normal seria durar cerca de 9.
Apesar de todas as dificuldades, os amigos encararam a experiência com tranquilidade. Danilo deve voltar apenas em fevereiro para o país, quando retornam as aulas de medicina na faculdade. Porém, já faz planos de voltar em alguns pontos turísticos que conheceu na aventura pela Bolívia.