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Entregador atacado por javaporco em Franca (SP) passa por tratamento médico e fica sem renda

Até o início da pandemia, Rodrigues, que tem uma filha de um ano e uma enteada de 13, dava aulas de dança em comunidades carentes

Geovanna Bispo

03/08/2021 19h06

Foto: Reprodução

Leonardo Augusto
FolhaPress

Duas semanas após ser mordido por um javaporco no trânsito de Franca (a 400 km de São Paulo), o professor de dança Willian de Souza Rodrigues, 43, diz não ter recebido apoio financeiro do dono do animal e que pessoas estão ganhando dinheiro na internet com visualizações do vídeo da insólita perseguição que sofreu do bicho nas ruas da cidade.

Até o início da pandemia da Covid-19, Rodrigues, que tem uma filha de um ano e uma enteada de 13, dava aulas de dança em comunidades carentes da cidade. Sua mulher trabalha no setor de limpeza em uma escola infantil. Com as restrições impostas para conter a disseminação do coronavírus, as aulas de dança foram suspensas e Rodrigues passou a trabalhar como motoboy.

Em tratamento médico depois da mordida do animal, e novamente enfrentando problemas financeiros, desta vez por não poder trabalhar devido ao ferimento sofrido, o professor passou a pedir recursos via Pix e a aceitar qualquer tipo de doação. Uma vaquinha virtual também foi criada para ajudar o professor

O ataque do javaporco ocorreu no início da noite de 18 de julho, um domingo. Rodrigues chegava ao bairro Bonsucesso para uma entrega, quando parou em um cruzamento e viu um vulto surgindo de um matagal ao lado. “Era o animal. Não sei se queria atravessar a rua ou se já veio para me atacar mesmo. Ele bateu na roda da moto, que caiu e desligou. Quando a levantei e tentei ligá-la, o bicho veio para cima de mim”, afirmou o professor.

O animal então começou a perseguir Rodrigues, que foi em direção à calçada e caiu várias vezes. Em um dos tombos, levou uma mordida nas nádegas. “Estou em tratamento, tomando vacinas antirrábica, antitetânica e antibióticos”, disse. Por recomendação médica, Rodrigues, que levou 14 pontos, vai ter que ficar sem trabalhar também como motoboy por pelo menos 30 dias.

O professor disse que o animal só parou de atacá-lo para comer grama, que tinha seu sangue. A Faesp (Federação da Agricultura e do Estado de São Paulo) já identificou javaporcos -fruto do cruzamento de javali e porco– e javalis em ao menos 500 dos 645 municípios paulistas.

Rodrigues afirmou que logo depois do ataque, ainda na rua, antes da chegada do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), um homem apareceu dizendo ser o dono do animal. Pegou seu contato e disse que prestaria assistência.

Porém, não cumpriu a promessa. “Nunca mais apareceu”, relatou o professor de dança. “O animal não tem culpa. Era maltratado. A gente também responde da forma que somos criados. Mas o dono do animal tem que arcar com as responsabilidades”, disse.

Ele ainda afirmou estar desapontado com quem fez o vídeo do ataque e postou nas redes sociais. As imagens foram captadas de dentro de um carro em meio a risadas de pessoas que estavam no veículo. “Quer filmar, filma. Mas desce do carro e ajuda. A pessoa prefere filmar do que ajudar. Tem muita gente ganhando dinheiro com o meu vídeo, com clicks. E eu estou parado aqui. Criou-se uma repercussão nacional e internacional.”

Conhecido na cidade como Will, o professor afirma querer voltar a trabalhar com sua profissão original o mais rápido possível. “A gente quer logo voltar a dar aulas, que é o que a gente sabe mais fazer de legal. Ajudar as pessoas das comunidades através da dança.”

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