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Emocionante: menina de 3 anos fica 45 dias internada e vence coronavírus e terceira cirurgia no coração

Ester recebeu alta no dia do seu aniversário e recebeu festa com balões e bolo

Redação Jornal de Brasília

07/05/2020 18h39

Mesmo com 3 anos de idade, Ester, no dia 11 de março, estava a caminho da terceira cirurgia no coração. Ela e os pais deixaram Cariacica rumo a São Paulo sem saber o que estaria por vir junto a pandemia de coronavírus, que pegou todos de surpresa. 

De acordo com o Jornal A Gazeta, a menina nasceu com uma anomalia congênita chamada de hipoplasia do coração esquerdo. A doença faz com que as estruturas da parte esquerda do coração sejam pouco desenvolvidas e, com isso, a quantidade de sangue que circula pelo corpo e cheia aos órgãos é reduzida. 

É comum na vida de quem tem a doença um dia a dia de cirurgias e acompanhamento médico. É o caso de Ester, que fez uma cirurgia com três dias de vida. 

Em outra oportunidade, Ester ficou internada por seis meses e chegou, inclusive, a ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que fez com que a parte direita de seu corpo fosse paralizada. 

No entanto, na última internação da menina, para a cirurgia esperada, a família via, do quarto do hospital, as graves conjunturas do coronavírus se desenvolverem pela cidade de São Paulo, mas os pais não imaginavam que a doença chegaria até Ester. 

O pai de Ester, Marcos Barreto, diz que ficou com medo enquanto acompanhava o noticiário. “Eu acompanhava as notícias e via o número de pessoas cardiopatas morrendo crescer. Meu medo não era pegar a doença, mas levar o vírus para minha filha”, disse. 

Mas a família de Ester se sentia protegida dentro do hospital, mas a filha acabou por ser diagnosticada com Covid-19. “A gente se sentia protegido dentro do hospital, e quando precisava sair, era sempre com máscaras, álcool em gel no bolso, lavando as mãos. Mesmo com todos os cuidados do mundo, acabou acontecendo”, explica o pai. 

Juntas, Ester e a mãe foram diagnosticadas com coronavírus no dia 4 de Abril, poucos dias após a menina enfrentar a mais difícil das cirurgias que já fez. 

A mãe, Elaine Trancoso, explica que identificou a falta de olfato e logo falou aos médicos. “Eu parei de sentir cheiro e comentei com os médicos. Na hora eles estranharam e já pediram o exame de Covid pra mim e para a Ester. Quando eu recebi o diagnóstico não acreditei. Comecei a lembrar o que aconteceu com ela durante a cirurgia, das inúmeras paradas cardíacas que ela sofreu, das complicações que vieram no pós-operatório, da pressa dos médicos para colocar marca passo nela.” E completa “Não sei mensurar o impacto que esse vírus teve na vida da minha filha. Se ela já estava com o vírus na hora da cirurgia e por isso o quadro se agravou, ou se veio depois, é muito difícil analisar.” A mãe completa dizendo que achou que Ester morreria “Sei que foi assustador e por um momento achei que fosse perder a Ester. 

Depois que foram diagnosticadas filha e mãe foram isoladas em um quarto de baixa pressão da Unidade de terapia Intensiva (UTI), do hospital. No quarto elas recebiam a visita de pouquíssimos médicos. 

Sem poder revezar os cuidados com a filha, Elaine dormiu por 11, dos 14 dias que ficaram isoladas, dormindo em uma poltrona de onde tentava acalmar a filha. 

“Eu via as pessoas lá fora e a sensação era horrível, eu tinha fobia, desespero, vontade de sair correndo. Eu não sabia o que estava acontecendo. Cada vez que alguém entrava no quarto, cheio de máscaras e equipamentos, a Ester se assustava e começava a chorar. Eu orava e pedia a Deus para me dar forças, porque eu estava cansada. Foi então que Ele me fez enxergar um outro lado, que a minha filha poderia estar ali sozinha, mas que Ele estava me dando a chance de estar naquele isolamento com ela”, revela a mãe. 

As duas ficaram onze dias na UTI, e depois foram levadas a uma sessão do hospital reservada para quem estava com coronavírus, onde ficaram mais três dias. Após esse tempo os médicos tiveram certeza que eles haviam se curado do vírus. 

“Eu não achava que sairia da UTI com minhas próprias pernas. E realmente não saí. Quando nos transportaram para outra torre, nos colocaram em uma maca. Eu só consegui agradecer a Deus. Eu sabia que estava acabando e que logo estaria em casa para comemorar o aniversário da minha filha com ela no meu colo.” relatou a mãe. 

Mas o destino reservou uma data especial para a alta de Ester, o seu aniversário.  

No dia 24 de Abril, após 45 dias intensos dentro do hospital, e nada data que Ester completava 3 anos, os pais puderam sair do hospital com sua filha. 

Com bolo e balões a família tinha muito a celebrar. Ester venceu uma grave cirurgia, um grave quadro clínico e dias de UTI por conta do coronavírus. 

Ao voltar para casa, em Cariacica, Ester permanece isolada. Tanto por conta da pandemia, como por conta da saúde de Ester, seus pais precisam tomar cuidados especiais com ela. 

Mas Marcos e Elaine já fazem isso há três anos. “A gente vê as pessoas reclamando que não conseguem ficar em casa e eu só penso que já passei seis meses com minha filha internada no hospital sem saber se ela sairia viva de lá. É melhor ficar em casa se protegendo, do que dentro de um hospital. Diante de tudo que acontece no mundo, temos a oportunidade de sermos melhores. Eu espero que as pessoas aprendam com isso tudo e tenham fé que vai passar.”, completou Elaine. 

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