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Documentos relatam maus-tratos a girafas importadas da África do Sul; três morreram

Veterinários apontaram, em laudo, que a causa da morte das três girafas foi miopatia, condição que pode ser provocada por estresse

Redação Jornal de Brasília

31/01/2022 9h23

Foto: Divulgação

No dia 11 de dezembro de 2021, dezoito girafas importadas da África do Sul ficaram aproximadamente um mês em um galpão para quarentena e período de adaptação. Os animais foram importados para um hotel resort no Rio de Janeiro.

No dia 14 do mesmo mês, os animais estavam tomando sol em uma área ao ar livre quando seis girafas atravessaram e cerca e conseguiram escapar. Apesar de todas terem sido recuperadas, três morreram pouco tempo depois.

Segundo a Polícia Federal, que fez uma operação no resort, foram encontrados sinais de maus-tratos nos animais que ainda permanecem no local.

Veterinários contratados pelo Bioparque apontaram, em laudo, que a causa da morte das três girafas foi miopatia, condição que pode ser provocada por estresse.

Desde a morte dos animais, há mais de 40 dias, as outras 15 girafas não fizeram mais passeios ao ar livre.

O Ibama também esteve presente no resort para vistoria. Um fiscal do órgão, em depoimento, disse que o argumento da necessidade de adaptação não justifica o confinamento prolongado dos animais. Além disso, as girafas estava sendo mantidas em baias sem enriquecimento ambiental, sem sol e com área incompatível com o número de animais.

Oficialmente, a compra das girafas é de responsabilidade do Bioparque, antigo zoológico do Rio de Janeiro. Apesar de permitida a importação de animais por zoológicos no Brasil, uma portaria do Ibama determina que eles não podem ser capturados na natureza.

No entanto, na licença emitida pelo próprio Ibama, todas as girafas receberam o mesmo código: “w”, de “wild”, “selvagem” em inglês. Esse código foi criado por uma convenção internacional que classifica a origem dos animais – e “w” significa justamente “animais retirados da natureza”.

Conforme parecer assinado pelo fiscal do Ibama, que fez a vistoria nesta semana, a análise técnica que autorizou a importação dos animais foi negligente, incompetente ou ingênua. E o analista ambiental que concedeu a licença desconsiderou a legislação vigente, inclusive a da própria instituição.

Na avaliação do Ibama, nenhum zoológico ou parque do Brasil tem capacidade para receber todo este grupo.

A recomendação do Ministério Público Federal é que as girafas retornem à África do Sul. No entanto, ainda não se sabe para onde exatamente as girafas serão devolvidas. Até que o destino das girafas seja definido, elas ficarão sob os cuidados do Ibama.

Entretanto, como não há nenhum local adequado para recebê-las, pelo menos por enquanto elas continuam no mesmo galpão.

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