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Corpo de Bombeiros quer identificar autores de áudios racistas contra atriz

Se identificado, o autor pode ser processado por injúria racial, que prevê pena de um a três anos de prisão, além de multa

Aline Rocha

28/11/2019 16h41

Da Redação
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O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro tenta descobrir quem são os supostos agentes que gravaram e divulgaram nas redes sociais vídeos e áudios ofendendo a atriz Cacau Protásio com comentários racistas e gordofóbicos, além de xingamentos, depois que ela gravou cenas de um filme em um quartel do Rio, no último domingo, 24.

A artista fluminense de 44 anos, que já atuou em novelas como “Avenida Brasil” (interpretando a empregada Zezé) e está em cartaz nos cinemas com “Vai Que Cola 2 – O Começo”, como Terezinha, gravou ao lado do ator Marcos Pasquim cenas do filme “Juntos e Enrolados” no quartel central do Corpo de Bombeiros do Rio, no domingo, 24.

Após a gravação, ainda no domingo, ela postou nas redes sociais uma mensagem em que agradeceu a acolhida dos bombeiros: “Eu gostaria de agradecer ao Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro, na praça da República, por nos receber muito bem hoje, nos assessorou em todos os momentos. Muito obrigada! Essa corporação tem meu respeito, eu estou amando fazer uma Bombeiro Sargento Diana! Obrigada, Deus, mais uma história linda para contar! Eu quero homenagear os Bombeiros maravilhosos da minha família, @clvalente e @dirceuprotasio. Parceiro @pasquim, eu amei nosso dia”, escreveu.

Na segunda-feira começaram a circular vídeos e áudios criticando a atriz. “Mete aquela gorda, preta, filha da puta na farda de bombeiro. Uma bucha de canhão daquela, um monte de bailarino viado quebrando até o chão”, criticou um suposto bombeiro. “Olha a vergonha no pátio do Quartel Central. Essa mulher do Vai que Cola, aquela gorda, botou a farda e colocou uns dançarinos viados com roupa de bombeiro. Isso é um esculacho, rapaz. Qual é a desse comandante? Vai deixar uma p… dessas no pátio do quartel?”, questionou outro homem. Algumas afirmações foram feitas enquanto o autor filmava a encenação, o que demonstra que ele estava dentro do quartel.

Na quarta-feira, 27, Cacau fez um desabafo: “Sou negra, sou gorda, sou brasileira, sou atriz, eu conto história, eu conto ficção. Eu não mereço ser agredida, assim como nenhuma pessoa. Eu respeito a opinião de alguns bombeiros de ah eu não acho certo, mas vai ver realmente a história antes de agredir”, afirmou. “Sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, muito triste. E como uma pessoa que veste uma farda tão linda tem essa postura, como eu posso dizer que ele salva vidas?”, pergunta a atriz, aos prantos, em vídeo divulgado pelas redes sociais.

Cacau informou que vai denunciar as ofensas à Polícia Civil. Se identificado, o autor pode ser processado por injúria racial, que prevê pena de um a três anos de prisão, além de multa.

O Corpo de Bombeiros divulgou nota em que afirma que “não compactua com qualquer ato discriminatório”, “se solidariza com a atriz” e “já abriu procedimento interno para identificar o(s) militar(es) e apurar a conduta”. “O CBMERJ reforça o seu compromisso com a população (…) independente de cor, gênero, raça ou qualquer outra distinção. Os atos divulgados não representam a corporação centenária (…) considerada a instituição mais confiável do Brasil”.

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