Menu
Na Hora H!

Casa onde João Pedro morreu tem 72 marcas de tiros; “quem tirou o sonho do meu filho foi a polícia”

Pai de João Pedro nega afirmação dos policiais de que criminosos teriam invadido a residência

Redação Jornal de Brasília

21/05/2020 7h37

João Pedro Matos, de 14 anos, foi mais uma vítima da violência no Rio de Janeiro, durante uma operação da polícia. O garoto foi atingido por um tiro de fuzil na segunda-feira (18), quando estava dentro de casa, em Itaoca, região de São Gonçalo. De acordo com os líderes comunitários do município, o local onde João Pedro foi alvejado tem, pelo menos, 72 marcas de tiros.

O pai da vítima, o comerciante Neilton, afirmou, durante uma entrevista remota cedida ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo, que a Polícia Civil forjou uma versão do ocorrido. Neilton nega a afirmação dos policiais de que criminosos teriam invadido a residência.

Os agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) relataram à Polícia Civil que, durante a operação, traficantes teriam invadido a casa e efetuado diversos disparos contra os policiais, além de jogarem granadas. Em seguida, a equipe da guarnição teria revidado.

“Quem tirou o sonho do meu filho foi a polícia. João Pedro não estava na rua em confronto. Estava dentro de uma casa, de um lar. Ninguém tem o direito de entrar na casa de alguém e tirar a vida de um jovem de 14 anos “, relatou Neilton.

O pai de João Pedro acredita que a justiça será cumprida. Ele também conta sobre o sonho do filho: “Creio na justiça, principalmente na de Deus. Se, aqui, a justiça não for feita, a de Deus será, mas esperamos que seja cumprida aqui. Meu filho tinha sonhos, já sabia o que queria. Queria ser advogado e ele tinha condições para isso. Um filho com notas boas, sem notas vermelhas, um menino 100%”.

A família de João pedro teme pela destruição de provas durante a apuração do caso. De acordo com os parentes e amigos, os aparelhos celulares dos adolescentes que estavam na casa, incluindo João Pedro, foram recolhidos pela polícia.  “Quem vai investigar? Levaram o celular do João Pedro. Levaram os celulares dos meninos que estavam juntos. Para quê? Já iniciaram uma investigação entre eles ou então começaram ali mesmo a destruição de provas concretas de um assassinato?”

Os depoimentos de três policiais e de duas testemunhas já foram ouvidos pelo delegado Allan Duarte, da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. As investigações descartaram qualquer possibilidade de envolvimento dos adolescentes que estavam dentro da residência com os traficantes.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado