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BA: Homem que morreu em delegacia após furto foi espancado, dizem testemunhas

O relato das testemunhas batem com as versões apresentadas pela família de Epaminondas, que acusa os militares de tortura contra ele.

Redação Jornal de Brasília

20/01/2022 8h42

Foto: Reprodução/TV Bahia

No domingo, 16, o deficiente físico e aposentado por invalidez Epaminondas Batista Mota, 52, foi preso em Itapebi, Bahia, acusado de furtar celular em um velório. Pelo menos duas testemunhas afirmaram que viram o homem ser espancado por policiais militares antes de ser levado para a delegacia e ser encontrado morto dentro da cela.

“Começou a bater nele. Estava batendo de taco, aí depois foram na viatura e pegaram um pau e começaram a bater com um pau nele”, relatou uma das testemunhas, que preferiu não revelar a identidade.

Outra testemunha, que também não quis que o nome dela fosse divulgado, disse ter ouvido barulho de pancadas e até chegou a pedir aos policiais que socorressem o homem.

“Eu ouvi foi depois o barulho, que eu saí de casa e fui ver. O carro estava assim [parado] e ele [Epaminondas] apanhando dentro do cômodo lá”, afirmou ao g1. “Eu falei com ele: ‘Pega o rapaz, bota no carro porque ele não levanta’. Eu escutei ele falar que ele não aguentava levantar e eles batendo”.

O relato das testemunhas batem com as versões apresentadas pela família de Epaminondas, que acusa os militares de tortura contra ele.

No velório, a pessoa que teve o celular furtado questionou a Epaminondas se ele tinha visto o aparelho, entretanto, ele negou.

De acordo com a polícia, o suspeito foi encontrado em um bar e levado em uma viatura até a residência dele, onde o celular foi localizado. Após isso, Epaminondas foi encaminhado para a delegacia.

Segundo o delegado Moisés Damasceno, coordenador da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), o carcereiro que recebeu Epaminondas na delegacia informou que ele foi levado para uma cela pelos próprios policiais.

“Ele estava desacordado, [foi] deixado em uma cela e da forma como ele [estava, ele] foi deixado. Mais tarde ele foi encontrado [na cela] e tentaram acordá-lo, mas ele não apresentava mais sinais vitais. Foi chamado o SAMU, que constatou o óbito”, explicou.

Através de uma nota, a Polícia Militar disse que instaurou um processo administrativo para apurar a conduta dos policiais. Além dos PMs, outras testemunhas também foram ouvidas pela Polícia Civil e novos depoimento foram agendados para esta quarta-feira, 19.

O laudo da necropsia, que vai apontar a causa de morte, ainda não foi divulgado. No entanto, consta na certidão de óbito que a causa da morte teria sido um trauma torácico fechado.

Afiliada da TV Bahia, a TV Santa Cruz apurou que os policiais militares disseram que depois da abordagem, levaram Epaminondas até um hospital, uma vez que ele se queixava de dores nas pernas. De acordo com os militares, a médica de plantão informou estar tudo bem. Depois da alta médica, o suspeito foi levado para a delegacia.

A médica afirmou que Epaminondas estava lúcido e que não identificou fraturas nas pernas, apenas as platinas.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entregou um documento na Delegacia de Polícia Civil e no Quartel da Polícia Militar solicitando transparências na investigação

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