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Medicamentos contra aids podem servir para coronavírus

Desde o aparecimento do coronavírus, a desinformação prolifera sobre supostos remédios caseiros. A mídia oficial chinesa tem sido cautelosa sobre o assunto

Redação Jornal de Brasília

04/02/2020 13h17

Medicamentos para combater a gripe e antirretrovirais têm sido apresentados como possíveis tratamentos para o novo coronavírus, mas os especialistas alertam que ainda não há perspectiva suficiente para garantir sua eficácia e acreditam que encontrar um remédio eficaz pode levar anos.

– Por que antirretrovirais?

Os pacientes diagnosticados com a gripe comum geralmente recebem um medicamento antirretroviral chamado Tamiflu.

Mas a gripe sazonal é “muito diferente do coronavírus chinês”, diz Sylvie van der Werf, do Instituto Pasteur de Paris.

Até agora, o novo coronavírus infectou milhares de pessoas e matou 420, a maioria na China.

Há duas semanas, médicos chineses confirmaram que haviam administrado medicamentos contra a aids em pacientes com coronavírus em Pequim, com base em um estudo de 2004 durante a epidemia de SARS que deu “respostas positivas”.

Se usados em conjunto, os antirretrovirais lopinavir e ritonavir diminuem o número de células HIV no sangue do paciente, reduzindo a capacidade do vírus de se reproduzir e atacar o sistema imunológico.

Os médicos também combinaram o tratamento com outro medicamento contra gripe chamado oseltamivir, na esperança de criar uma combinação que possa enfraquecer a força do coronavírus.

Na Tailândia, onde há 19 casos confirmados, um paciente chinês de 71 anos deu negativo para o coronavírus 48 horas após receber os três medicamentos.

Os médicos tailandeses advertiram, porém, que os medicamentos devem ser administrados sob supervisão, em razão de efeitos colaterais, ou de reação com tratamentos anteriores.

– Funciona?

No momento não há certeza.

O estudo de 2004 mostra que os antirretrovirais usados em pacientes com SARS tiveram “benefícios clínicos substanciais”, segundo especialistas da China.

Testes em 41 pacientes com coronavírus mostraram, no entanto, “limitações”, como apontou uma pesquisa publicada em 24 de janeiro na revista médica The Lancet.

– O que a indústria farmacêutica está fazendo?

As empresas farmacêuticas estão trabalhando em várias opções de tratamento.

A Gilead Sciences, com sede na Califórnia, está trabalhando com as autoridades chinesas em testes clínicos para determinar se o remdesivir – um medicamento usado para tratar a SARS – é eficaz contra o novo coronavírus.

Em paralelo, três equipes na China, na Austrália e no Instituto Pasteur, na França, conseguiram recriar o novo coronavírus em laboratório.

É o primeiro passo para tentar encontrar o “calcanhar de Aquiles” do coronavírus e entender como ele se replica nas células, explica o diretor científico do Instituto Pasteur, Christophe d’Enfert.

Ainda não há tratamento específico, confirmou o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jasarevic.

“Mais pesquisas e análises de dados epidemiológicos são necessárias”, disse ele à AFP.

– O que fazer?

O melhor que pode ser feito contra o coronavírus é “manter a saúde”, para que o sistema imunológico resista à ameaça do vírus, sugeriu o ministro da Saúde de Singapura, Gan Kim Yong.

“Se você já tem um problema médico, é provável que (…) suas defesas sejam fracas e seus órgãos possam ser danificados, então o risco de morte é maior”, comentou ele na segunda-feira.

– Remédios caseiros?

Desde o aparecimento do coronavírus, a desinformação prolifera sobre supostos remédios caseiros.

Na China, circulou informações de que um líquido à base de madressilva e de outras plantas usadas na medicina tradicional poderia “inibir” o vírus.

A mídia oficial chinesa tem sido cautelosa sobre o assunto, e os pesquisadores alertam para possíveis efeitos colaterais.

Na Índia, onde há três casos confirmados, o governo promove a homeopatia e o ayurveda, uma forma de medicina tradicional, contra o coronavírus.

Agence France-Presse

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