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Aos 19 anos, alemã Naomi Seibt assume papel de ‘Anti-Greta’

Naomi começou um canal no YouTube em maio de 2019. Suas postagens não são apenas sobre clima, mas também sobre críticas ao feminismo e a políticas de imigração

Redação Jornal de Brasília

29/02/2020 14h27

Todas as atenções no CPAC, a conferência da direita americana, estavam voltadas para o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. A fila para entrar no auditório principal atrasava o evento, mas cerca de 50 pessoas optaram por uma sala menor no Gaylord Hotel, sem autoridades do governo. Às 12h30, uma jovem de saia azul e tênis All Star subiu ao palco. A alemã Naomi Seibt, de 19 anos, é a antítese da ativista Greta Thunberg. Ela sentou-se abaixo do slogan da CPAC, “América versus Socialismo”, para um pronunciamento e para responder perguntas.

Ela diz não ser “negacionista” das mudanças climáticas, para na sequência afirmar que é “ridículo” acreditar que as emissões de CO2 do ser humano têm impacto no clima. Ela também garante que não quer ser a “Anti-Greta”, mas invoca ideias e o nome da ativista sueca a todo momento.

“Fui doutrinada na escola para ser uma alarmista climática, mas fui inspirada por pessoas que encontrei online e cientistas a pensar mais”, disse a alemã. “A propaganda sobre mudança climática é associada a políticas que querem nos impor. Eles nos levarão à pobreza energética, que é uma maneira de nos controlarem. Vejo uma agenda socialista na raiz disso.” O discurso é semelhante ao disseminado na CPAC: críticas à imprensa, a partidos de esquerda e o argumento de que não há uma agenda por trás da sua plataforma. Os aplausos à jovem foram tímidos.

Naomi começou um canal no YouTube em maio de 2019. Suas postagens não são apenas sobre clima, mas também sobre críticas ao feminismo e a políticas de imigração. No primeiro vídeo com legendas em inglês, ela nega que haja menos mulheres na política.

Sua estreia nos EUA foi patrocinada pelo Heartland Institute. A ligação de Naomi com os americanos começou em novembro, quando ela fez um discurso no Eike, centro de estudos de Munique, ligado ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Ali, conheceu um dos diretores do Heartland.

Há 15 dias, o instituto anunciou que contratou Naomi para integrar o centro de políticas ambientais. “Seibt trabalhará comunicando o realismo climático para a geração dela. Ao contrário da jovem comunicadora climática favorita da mídia global, Greta Thunberg, Naomi Seibt não quer que você entre em pânico”, diz o comunicado do instituto.

Em um vídeo, Naomi critica a “mídia tradicional” – mesma expressão usada por Steve Bannon e pelo movimento de direita conservador nos EUA – por sugerir que ela está sendo usada pelo instituto para ser a “Anti-Greta”. Em tom emocional, ela diz que sua intenção não é ser famosa e nem ganhar dinheiro, mas não nega e nem esclarece o vínculo com a instituição.

“Eu tenho boas notícias para você. O mundo não está acabando por causa da mudança climática. Na verdade, daqui a 12 anos, estaremos por aqui tirando fotos no nosso iPhone 18S”, afirma a jovem em um dos vídeos divulgados pelo instituto.

Ao jornal Washington Post, o diretor de pesquisas digitais do Atlantic Council, Graham Brookie, disse que a campanha de Naomi tenta distorcer fatos e distrair o público. “A tática tenta criar uma equivalência de mensagens. Nesse caso, é uma equivalência falsa entre uma mensagem baseada na ciência climática, que viralizou organicamente, e uma mensagem baseada no ceticismo climático, tentando recuperar o atraso usando a promoção paga”, afirmou o especialista.

O Heartland Institute afirma que 5,5 mil doadores financiam suas atividades. As doações são anônimas. Recentemente, o New York Times revelou que uma das doadoras é a fundação da família de Rebekah Mercer, que contribuiu para a campanha do presidente Donald Trump em 2016. A informação de que ela doou cerca de US$ 8 milhões a organizações que negam o consenso científico em torno das mudanças climáticas culminou com seu afastamento do conselho do Museu de História Natural de Nova York.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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