No auge dos seus 14 anos, Danilo Sena conserva o talento de família para o basquete. Oriundo da escolinha Lance Livre, ele e o irmão, Breno (20 anos) – hoje destaque das categorias de base do Sport Recife –, cresceram com uma paixão em comum: a bola laranja. Com Breno longe, Danilo luta para seguir os passos do irmão e crescer no esporte.
Mesmo que o contato com o irmão esteja dificultado, por conta da distância, Danilo mantém uma promessa. “Ele disse que vai treinar muito para mostrar para Breno o quanto é bom nisso”, diz a mãe Cátia Sena. A relação entre os dois se mantém por meio de telefonemas escassos e mensagens por aplicativos do celular. “A gente tem uma relação muito boa na medida do possível e sempre trocamos experiências”, conta o irmão.
Mostrando toda a sua timidez, ele afirmou que não tem um plano B, caso não seja um jogador profissional. “Nunca pensei nisso. Depois que terminar o Ensino Médio, quero fazer faculdade de Educação Física, mas ser professor está longe dos meus planos”, afirma o estudante. O irmão Breno logo alfinetou com muitas risadas. “Menino de 14 anos não tem muita noção das coisas. O caminho do basquete é muito bom, mas a gente sempre tem que ter um plano B.”
Ciente do forte desejo de se destacar e viver do basquete, Danilo tem o esporte tão forte nas veias que se esquece das demais atividades do dia a dia. A mãe, principal incentivadora dos filhos, é quem sofre. “Se deixar ele passa o dia todo treinando e sou eu quem sempre vai lá mandar parar”.
O reconhecimento de tamanho esforço e dedicação veio ainda este mês, no campeonato Brasileiro Sub-15, em Joinville. Com a medalha de bronze no pescoço, Danilo foi eleito o melhor jogador do torneio. Surpreso com o título, ele garantiu não ter esperado o troféu. “Tinha gente muito melhor do que eu competindo lá, não acreditei quando recebi”, assumiu o atleta, humilde. Longe de Brasília, Breno também comemorou mais ainda o feito do irmão por ter alcançado algo que ele não conseguiu, quando jogou o Brasileiro, no passado. “Quando participei do campeonato fiquei em vice, mas não ganhei esse prêmio não. Fico muito feliz pelo Danilo ter algo que eu nunca tive”, comemorou o irmão.
Tumor ósseo vira motivação
Quando ele ainda era pequeno, a mãe de Danilo, Cássia Sena, percebia que o filho tinha a perna esquerda mais torta do que o normal. Como o filho não reclamava de dor, ela jamais interveio.
Em 2012, foi diagnosticado que Danilo tinha um tumor ósseo no local – a doença não se expandia, mas corroía o osso ao ponto de que, se não fosse tratada, Danilo poderia quebrar a perna a qualquer momento. A cirurgia foi feita e seis parafusos e uma placa de titânio foram implantados no local. Danilo teve de ficar dois meses parado. “Foi difícil porque eu amo o basquete e não pude mais treinar”, recorda.
Cássia ainda atribui a força de vontade que o filho tem hoje à dificuldade que passou ao ficar tanto tempo sem encostar o pé no chão. “Não sei o que aconteceu, porque depois dessa cirurgia o Danilo disparou e de lá para cá é destaque em tudo o que faz”, orgulha-se. (K.M.O.)