“Olá, meu nome é João e estou vendendo brigadeiros para ajudar a custear o meu intercâmbio”. Essa foi a frase escolhida pelo árbitro brasiliense de basquete, João Ricci, para se aproximar de clientes em bares na noite de Brasília. O motivo das vendas? O sonho de assistir ao Mundial de Basquete e, posteriormente, se tornar um árbitro internacional da modalidade.
A ideia de vender brigadeiros surgiu quando João sentiu que poderia, já neste ano, realizar o sonho de assistir ao Mundial de basquete, na Espanha. Os resultados na primeira vez, não foram os mais satisfatórios, mas os ganhos surpreenderam.
“Na primeira vez que fiz os brigadeiros, queimei a panela e me queimei inteiro. Só que vendi 50 brigadeiros em 40 minutos, na rodoviária do Cruzeiro. Foi aí que me empolguei”, disse.
O sucesso nas vendas foi tão grande que até as passagens e ingressos para as partidas já estão garantidos. “Em cerca de três meses já comprei passagens, ingressos e ainda fiquei com R$ 4.500”, conta.
Reação dos amigos
Uma das principais preocupações de João ao começar a venda em bares foi a reação de amigos. A preocupação, porém, se transformou em alento logo no início da empreitada.
“Fiquei preocupado com o que meus amigos iriam dizer, mas a reação foi muito positiva. Um deles gostou tanto da ideia, que fez uma encomenda de 300 brigadeiros para sua festa de aniversário”, lembra.
Arbitragem internacional
O sonho de assistir ao Mundial de basquete não é a única meta de João. Arbitrando partidas do Novo Basquete Brasil (NBB) há três temporadas, ele sonha se tornar um árbitro da Federação Internacional de Basquete (FIBA).
Em 2012, ele fez o teste, mas não conseguiu a aprovação. Com a presença no Mundial, mesmo que como espectador, ele espera abrir portas para uma eventual aprovação no futuro.
“Ainda sou árbitro de categoria nacional. Acho que só é lembrado quem é visto. O fato da FIBA me ver no Mundial, ainda mais com dois árbitros brasileiros na competição pode me abrir portas”, explica.
Histórias de um vendedor
Nem sempre as respostas dos clientes e, até mesmo de donos de estabelecimentos, é positiva. Já houve casos, por exemplo, em que João foi enxotado de bares.
“Teve um gerente uma vez que foi bem grosseiro, me dizendo que se algum cliente passasse mal com o meu brigadeiro, a culpa seria dele. Depois disso, me colocou para fora do bar”, lembra.
“Tem também o cara que está no bar, já meio bêbado, e quer fazer piadinha”, completa.
O outro lado da moeda vem de funcionários de diferentes escalas dos bares. João conta que garçons de diversos bares gostaram da iniciativa e são os maiores incentivadores.
“Tem muita gente ‘massa’, que abraçou a proposta. Os garçons realmente compraram a ideia. Tem um bar, onde eles fazem um rodízio entre si. Cada um paga a rodada de brigadeiro do dia, com R$ 10”, comemora.
Caso antigo
As vendas de brigadeiro em bares também revelam histórias curiosas. Além do sucesso e das reações diversas de clientes, João confessa que até mesmo cantadas ele já recebeu.
“Quando ofereço brigadeiro, já aconteceu de mulheres perguntarem se também tem beijinho”, conta, aos risos.
O “assédio”, porém, não incomoda o árbitro, que segue firme no propósito de levantar mais dinheiro para a aventura na Espanha.
“Me propus a fazer isso, então não posso reclamar. Até me divirto com as brincadeiras, desde que sejam feitas com respeito. Não pode passar do limite”, revela.